sábado, 19 de abril de 2008

Médiuns entram na Justiça contra nova lei britânica

Na Folha Online, foi publicada ontem uma notícia informando que os médiuns britânicos estão fazendo protestos contra uma nova lei que permite aos consumidores de serviços mediúnicos entrarem na Justiça caso os resultados (pagos, é claro) deixarem-nos insatisfeitos.

O que eu acho é que os médiuns deviam, usando suas habilidades, se informarem se vão ou não ganhar a petição contra a lei. Ou então podiam prever se iam ou não acertar a todas as previsões (algo um pouco cíclico). Ou então, no caso de espíritas, podem pedir aos parentes falecidos dos responsáveis pela lei aparecerem para eles e convencê-los de voltarem atrás com a idéia.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Deus não joga dados

"O tabuleiro de xadrez é o mundo; as peças são os fenômenos do universo; as regras do jogo são aquilo a que chamamos as leis da natureza. O jogador do outro lado do tabuleiro está escondido de nós. Sabemos que a sua jogada é sempre honesta, justa e paciente. Mas também sabemos, às nossas custas, que nunca ignora um erro nem tem a mais pequena tolerância com a ignorância."

Thomas Huxley

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Hal, o jogador


Osmar teve a idéia lendo uma reportagem sobre o ativismo político de Kasparov e começou a programar feito um louco. Em três semanas, a idéia estava implementada e o jogo, funcionando. Chamou-o de Hal, em homenagem ao computador emotivo de 2001, uma odisséia no espaço.

Não conseguiria aqui explicar detalhadamente o que ele fez; vou tentar com as palavras que cabem ao contexto da história. A idéia em si é simples (não mais complexa do que, por exemplo, imaginar um homem que voa por si só - mas também não mais factível): um jogo de xadrez que, a partir da simulação de um movimento, prevê o que irá acontecer até o final do jogo.

O leitor pode imaginar, por exemplo, o tabuleiro na posição inicial... um jogador humano com as pedras brancas começa uma disputa contra Hal. O desavisado jogador faz um movimento tradicional, peão do rei se move duas casas; Hal responde com um movimento sem dizer mais nada mas, em seu interior, sabe que conseguirá um mate em 26 lances.

Falando assim, não soa muito diferente do que qualquer programa jogador de xadrez que existe por aí. A diferença é que Hal não joga com as possibilidades como as engines comuns; ele simplesmente sabe o que vai acontecer. E em menos de um segundo, consegue prever o movimento que irá levar a uma situação que lhe seja favorável.

Hal não previa o futuro. Para funcionar, ele contava com entradas de jogos de xadrez anteriores do mesmo adversário. Antes do jogo contra Kasparov, Hal se alimentou com centenas de seus jogos; antes do jogo contra o Deep Blue, observou milhares. Venceu todos com movimentos estranhos, calculados para que o adversário ficasse perdido, desencontrado. Era a matemática aplicada à psicologia. O Deep Blue calculava os movimentos do adversário imaginando o que o próprio Deep Blue faria em sua posição; Hal calculava o que o próprio adversário iria fazer.

Venceu todos os tipos de torneio de que participou. Mesmo contra adversários de quem nunca havia estudado um movimento, Hal era preparado o suficiente para aprender o estilo do jogador conforme a partida se desenrolava e abatê-lo em poucos lances depois disso. Em todas as partidas, vencia após erros do adversário: seu truque era saber como provocar o erro (ou o bug, no caso de um oponente digital).

Osmar foi acusado de fraude, charlatanismo, conspiração. Diziam que pagava aos adversários para que eles entregassem os jogos. Ele, indiferente às calúnias, continuava aperfeiçoando o funcionamento de Hal e testava-o com desafios cada vez mais intrigantes.

Não demorou muito para que Osmar expandisse a idéia...: afinal, aplicar algo tão poderoso apenas a jogos de xadrez era um disperdício notório. Logo, Hal estava recebendo como entrada não apenas movimentos de cavalos, torres e rainhas, mas também cotações da bolsa, fatores climáticos, pesquisas de opinião, nomes de cavalos de corrida. E retornando cavalos vencedores, previsões de furacões, empresas em que investir.

Obviamente, Osmar não contou a ninguém sobre as novas funcionalidades de Hal. Resolveu (pelo menos por enquanto, afirmava para si mesmo) não dizer nada a ninguém enquanto se deliciava com o resultado dos confrontos esportivos do dia seguinte.

Isso durou alguns dias. Uma tarde, Osmar estava aperfeiçoando a rotina de busca psicológica quando digitou um teste simples no console de Hal:


q>o que acontecerá a Osmar?


Quase instantaneamente, apareceu o retorno:

a> cheque-mate em dois dias.
q>


Pensou no que aquilo significava. Ele não havia retirado totalmente as referências ao jogo de xadrez de dentro do código... mas aquilo, o contexto da frase aplicado à pergunta... só podia significar uma coisa: Osmar se viu morto em dois dias.

Respirou profundamente. Pensou em tudo o que havia alcançado com Hal; pensou no que poderia levá-lo à situação que o software previra. Ele não podia estar errado... Hal enfrentou e venceu a terrível parafernalha de processadores que forma o DeepBlue sendo executado de um celular Nokia comum (na ocasião, Osmar acreditou que humilhar o time da IBM vingaria Kasparov, por quem havia simpatizado). "Vão me descobrir", pensou. "Vão descobrir que estou usando Hal para ganhar nos cavalos.". E refletiu que melhor do que os processos por fraude nas corridas de cavalo, as apostas na loteria, melhor do que a humilhação pública, a cadeia e tudo o que viria depois, melhor do que tudo isso era a morte.

Então olhou para o PC e viu o console de Hal, aguardando a próxima pergunta, como se nada houvesse acontecido. Osmar sentiu ódio, raiva, praguejou contra o computador; então, súbito, procurou pela arma escondida sob uma das gavetas da cômoda e riu tresloucadamente, gritando "Você errou!!!", antes de estourar seus próprios miolos.

Alguns dias depois, programadores experientes identificaram que, em sua última alteração, Osmar havia erroneamente invertido um sinal de maior que comprometia totalmente o resultado das análises do programa.

_________________________________________________________

Felizmente, Hal é um sonho impossível. Enquanto isso, gasto meu tempo com meu próprio jogo de xadrez: estou saturado de alphabeta pruning, bitboards, funções de avaliação e tabelas de transposição. Hal tinha um código mais elegante.

Ouço de muitas pessoas para quem falo sobre minha brincadeira aquela maldita frase utilitarista: "Mas pra quê você está fazendo isso? Já existem tantos jogos de xadrez por aí...". Tenho vontade de responder que também existem campeonatos de futebol uns iguais aos outros, e a cada quatro anos o mundo todo pára para observá-los. De qualquer jeito, gostei de perceber que fazer um jogo também é uma forma esquisita de jogar.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Turismo cinematográfico

Nesse final de semana, fui assistir a Jumper. Estava muito receoso depois de ler tantas críticas negativas, mas o filme é exatamente como eu esperava: divertido, se você conseguir deixar o cérebro fora do cinema. Mas o que economizei em irritação com a história, gastei com os adolescentes sentados nas cadeiras próximas.

Antes do filme, percebi que havia alguma coisa errada: fora um casal de namorados de mais ou menos a minha idade, todas as pessoas na fila tinham menos de 18 anos. E, como estava sozinho, tive oportunidade de reparar nas interessantíssimas conversas que se desenrolavam ao redor:

"- Você viu o Rambo novo? Uma droga... (irreconhecível) capitalismo americano (irreconhecível) Bush (irreconhecível)"

"- Acho que vou ganhar o CD do Babado Novo de aniversário!"

(ruídos irreconhecíves) (pipoca sendo atirada) (risada em altíssimo volume) (grunhidos irreconhecíves)

Não tenho pretensão de fazer os adolescentes deixarem de ser adolescentes, mas acredito que um pouco de civilidade não faz mal a ninguém. Não peço que deixem de gostar de Babado Novo, mas, por favor, não atirem pipocas um no outro nem gritem ao ver um par de seios durante o filme.

Diante de demonstrações de imbecilidade durante um show, o amigo de um amigo disse que antes do ingresso um segurança devia perguntar por nomes de músicas e trechos das letras e só permitir a entrada de quem exibisse um mínimo de conhecimento - isso eliminaria quem vai lá só pra encher o saco, mas também quem vai com boas intenções mas não conhece muito bem a banda. Não concordo com a idéia, mas me sinto meio deslocado quando vou ver algum blockbuster e percebo que turistas (ou melhor, pessoas que não vão com frequência ao cinema) estão enchendo a sala. É como se eles estivessem invadindo um espaço que não é deles por direito: "o que você está fazendo aqui? Veio ver Indiana Jones? E quando foi a última vez que você veio ao cinema... ano passado? Então não vai assistir o Indiana Jones, não."

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Top 5 notícias (nerds) de primeiro de abril que não pegariam ninguém

5 - Diretor Executivo da RIAA afirma que, pensando bem, baixar mp3 não é tão criminoso assim. (Depois de escrever isso, acabei achando isso, um CIO da EMI falando a mesma coisa)

4 - George Lucas reconhece em seu site que devia ter caprichado mais nos Star Wars mais novos, mas que vai se recompor com o Indiana Jones.

3 - Governo americano concorda em iniciar plano de retirada de tropas do Iraque. O dinheiro economizado será gasto com ações humanitárias em países de terceiro mundo.

2 - Apple anuncia nova linha de equipamentos voltada a clientes heterossexuais.

1 - GNU/Linux e Microsoft anunciam lançamento de novo sistema operacional com interface amigável e código livre, o Winux.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Conversão

Caros amigos leitores do blog,

Depois de muita leitura e reflexão interna, venho anunciar minha conversão à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos dias.

Não cabe aqui discutir os motivos de minha decisão; tenho certeza de que muitos não me entenderão, mas acredito que com o tempo, a luz da verdade há de guiar a todos.

Muito obrigado.