sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A ponte

Sonho com um deserto, quente e interminável. Ando por algum tempo, chego a uma plataforma. Na ponta da plataforma tem uma ponte, longa e estreitíssima, que leva a outra plataforma, onde o deserto continua. Sob a ponte, o solo é tão distante que não é nem possível enxergá-lo, daquela altura.

Pessoas me dizem que tenho que cruzar a ponte. Mas eu não quero, eu tenho medo, porque a ponte é longa e estreita, o vento é forte, é muito alto, e vou me apavorar. Tenho vergonha porque sei, instintivamente, que não vou conseguir atravessar em pé, que vou ter que me debruçar, me arrastar pra passar, e vão rir de mim.

Mas me pressionam, tenho que cruzar, tenho que ir. Dou um passo, dou outro, sinto o vento tentando me derrubar, e não sei por quanto tempo ando (ou me arrasto) até perceber que a ponte é interminável, e que a queda é inevitável, me equilibrar é adiar a certeza do que vai acontecer.

Em algum momento, acordo.

Passo alguns dias com o sonho na cabeça. Hoje me toco de que a ponte é a vida, atravessar a ponte é viver.