quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Bedazzled

Durante essa semana, na falta de algo melhor pra fazer, assisti "O Endiabrado" na companhia deliciosamente agradável do Alexandre. E fiquei pensando como um filme tão bobo pode ser tão gostoso de assistir assim, sem compromisso, vendo um pedaço, pulando outros três, e mesmo assim entendendo tudo o que se passa.
É como se a learning curve da história fosse uma reta do 0 ao 100% em 1 segundo. Se você pegar os 15 segundos finais, vai entender o que se passa da mesma forma que alguém que assistiu desde o começo. Cada trecho do filme contém ele todo, como no poema em que a parte é tudo e tudo é parte.

As novelas também são assim. Costumo brincar que, assistindo a um capítulo, sabemos quem é bom, quem é mau, quem vai enganar quem, e, com raras exceções, como as coisas vão terminar no final. E mesmo assim algumas donas de casa se acham super observadoras quando notam que determinada personagem "é falsa", sem saber que cada uma das feições da atriz é ensaiada para deixar absolutamente claro de que ela vai enganar o outro personagem. E o mundo inteiro nota... menos o personagem enganado, claro, porque ele tem mais o que fazer e não entende nada de novela.

PS: Lembram daquela história de que, em Blade Runner, o personagem do Harrison Ford é um replicante? Há uns anos atrás o Ridley Scott deu uma entrevista falando que ele era mesmo um robô - ao que o Harrison Ford respondeu com raiva, dizendo que ele havia interpretado um humano. Então o diretor respondeu que era exatamente isso que ele queria do ator, porque o personagem também não sabia que era um replicante, e ele queria que o ator estivesse tão seguro da sua condição humana quanto o personagem deveria estar.
Isso nunca aconteceria na Globo.

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