quinta-feira, 30 de outubro de 2008

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Um brinde a Adão e Eva


Sempre gostei de procurar por textos de idiotas na internet. Passei muito tempo olhando páginas falando mal do Marilyn Manson e também fui longe lendo textos de websites chamados "Citizens for..." alguma coisa. Como exemplo, cito o "Citizens for Community Values", uma associação auto-denominada 'protetora dos valores judaico-cristãos', etc. Vocês podem ver como esse pessoal pensa observando a opinião deles sobre a separação entre igreja e estado. Resumindo: separar igreja e estado é um erro.

Pois bem, hoje a Deb me mandou um texto muito representativo de uma opinião parecida: se chama "Um brinde ao Big Bang" e pode ser encontrado aqui. O texto é assinado pelo pastor (?) Carlo de Abreu Lopes e contém o argumento (já muito repetido) de que é disperdício gastar 8 bilhões de dólares com o LHC.

Esse dinheiro podia ser usado para acabar com a fome da África, descobrir a cura do câncer e da AIDS, etc, segundo o nosso pastor. Claro. Assim como os 700 bi que foram aplicados para salvar os bancos norte-americanos. A guerra do Iraque custou até agora, segundo fontes confiáveis, quase 600 bi. Dava para construir quase 75 LHC's.

Mas vamos deixar a guerra do Iraque de lado, já que ela não tem nada a ver com ciência nem com religião(?). Vamos só imaginar, sem colocar em números, quanto é gasto para construir igrejas, templos, monumentos religiosos. Quanto vale o Vaticano? Quanto valem os templos da Universal? Será que algum desses grandes religiosos fazem algo para realmente mudar a vida das pessoas?

A AIDS também poderia ter sua epidemia reduzida se as religiões do mundo adotassem um mínimo de bom-senso e aceitassem o uso de preservativos.

Isso sem contar as isenções de impostos que são ganhas pelas igrejas. Se as igrejas deixam de pagar impostos, alguém está pagando mais pra cobrir as contas. Você, eu, todo mundo. Quanto vale a tinta que é usada para imprimir "Deus seja louvado" nas nossas notas de real? O dinheiro para o LHC talvez, algum dia, se reverta em algo prático para a população. O "Deus seja louvado" nas notas, tenho certeza, nunca vai servir para nada - nem mesmo para quem é religioso.

Muita gente não entende muito bem como funciona pesquisa básica. É difícil entender como um investimento de 8 bi (que citado assim, parece e é realmente gigantesco) pode no futuro trazer benefícios para as pessoas que, indiretamente, investiram no projeto. Sim, porque se você for parar para pensar, uma pequena parte dos seus impostos vai para a Unicamp - que por sua vez paga bolsistas e professores que também colaboram no LHC. Ou seja, você também está investindo. Proporcionalmente pouco, mas a idéia é a mesma.

O próprio CERN tem um texto muito interessante sobre a discussão entre pesquisa básica e pesquisa aplicada que pode ser lido aqui. Podemos citar, por exemplo, que o computador utilizado pelo nosso querido pastor para escrever suas bobagens surgiu, entre outras idéias, de um físico interessado em descrever fenômenos eletromagnéticos. E a energia elétrica que o computador utiliza foi também um dia pesquisa básica, coisa de maluco que não servia para nada. Como já disse Faraday sobre o assunto, "E para que serve um bebê?".

domingo, 26 de outubro de 2008

Piada perdida

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Hal, de novo

Cinco meses depois, Hal está aqui no meu micro, jogando razoavelmente. Quer dizer, mal... mas bem melhor do que um jogador iniciante. Melhor do que eu, também. Não que isso seja alguma coisa... mas era o primeiro objetivo do meu projeto pessoal: fazer um programa que, no meu micro, ganhasse de mim em uma partida simples.

Pois bem, em breve vou colocar o Hal aqui para baixar, assim que eliminar uns últimos bugs de promoção e fizer um livro de abertura decente pra ele. Nem penso em deixar alguém ver o meu código - não por ser especialmente requintado ou misterioso, mas por ser simplesmente porco. Ainda estou soterrado por todas as idéias de negamax, alpha-beta, null-move, lazy evaluation, static exchange evaluation, etc, etc, etc. Ainda deve existir uns bugs muito terríveis no software, exatamente por conta disso. Muita coisa implementada, pouco tempo de teste, etc. Mas como não estou no meu trabalho, quero que se foda. Estou me divertindo muito.

Próximos passos: limpar o código, organizar as classes, otimizar, otimizar, otimizar, mexer na função de avaliação, ordenar melhor os movimentos, otimizar, otimizar, otimizar. E aí, só então, vou usar o Hal no meu mega experimento científico que vai levar a minha vida toda pra se realizar.

Mas tenho certeza: vai ser bem divertido.

sábado, 19 de abril de 2008

Médiuns entram na Justiça contra nova lei britânica

Na Folha Online, foi publicada ontem uma notícia informando que os médiuns britânicos estão fazendo protestos contra uma nova lei que permite aos consumidores de serviços mediúnicos entrarem na Justiça caso os resultados (pagos, é claro) deixarem-nos insatisfeitos.

O que eu acho é que os médiuns deviam, usando suas habilidades, se informarem se vão ou não ganhar a petição contra a lei. Ou então podiam prever se iam ou não acertar a todas as previsões (algo um pouco cíclico). Ou então, no caso de espíritas, podem pedir aos parentes falecidos dos responsáveis pela lei aparecerem para eles e convencê-los de voltarem atrás com a idéia.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Deus não joga dados

"O tabuleiro de xadrez é o mundo; as peças são os fenômenos do universo; as regras do jogo são aquilo a que chamamos as leis da natureza. O jogador do outro lado do tabuleiro está escondido de nós. Sabemos que a sua jogada é sempre honesta, justa e paciente. Mas também sabemos, às nossas custas, que nunca ignora um erro nem tem a mais pequena tolerância com a ignorância."

Thomas Huxley

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Hal, o jogador


Osmar teve a idéia lendo uma reportagem sobre o ativismo político de Kasparov e começou a programar feito um louco. Em três semanas, a idéia estava implementada e o jogo, funcionando. Chamou-o de Hal, em homenagem ao computador emotivo de 2001, uma odisséia no espaço.

Não conseguiria aqui explicar detalhadamente o que ele fez; vou tentar com as palavras que cabem ao contexto da história. A idéia em si é simples (não mais complexa do que, por exemplo, imaginar um homem que voa por si só - mas também não mais factível): um jogo de xadrez que, a partir da simulação de um movimento, prevê o que irá acontecer até o final do jogo.

O leitor pode imaginar, por exemplo, o tabuleiro na posição inicial... um jogador humano com as pedras brancas começa uma disputa contra Hal. O desavisado jogador faz um movimento tradicional, peão do rei se move duas casas; Hal responde com um movimento sem dizer mais nada mas, em seu interior, sabe que conseguirá um mate em 26 lances.

Falando assim, não soa muito diferente do que qualquer programa jogador de xadrez que existe por aí. A diferença é que Hal não joga com as possibilidades como as engines comuns; ele simplesmente sabe o que vai acontecer. E em menos de um segundo, consegue prever o movimento que irá levar a uma situação que lhe seja favorável.

Hal não previa o futuro. Para funcionar, ele contava com entradas de jogos de xadrez anteriores do mesmo adversário. Antes do jogo contra Kasparov, Hal se alimentou com centenas de seus jogos; antes do jogo contra o Deep Blue, observou milhares. Venceu todos com movimentos estranhos, calculados para que o adversário ficasse perdido, desencontrado. Era a matemática aplicada à psicologia. O Deep Blue calculava os movimentos do adversário imaginando o que o próprio Deep Blue faria em sua posição; Hal calculava o que o próprio adversário iria fazer.

Venceu todos os tipos de torneio de que participou. Mesmo contra adversários de quem nunca havia estudado um movimento, Hal era preparado o suficiente para aprender o estilo do jogador conforme a partida se desenrolava e abatê-lo em poucos lances depois disso. Em todas as partidas, vencia após erros do adversário: seu truque era saber como provocar o erro (ou o bug, no caso de um oponente digital).

Osmar foi acusado de fraude, charlatanismo, conspiração. Diziam que pagava aos adversários para que eles entregassem os jogos. Ele, indiferente às calúnias, continuava aperfeiçoando o funcionamento de Hal e testava-o com desafios cada vez mais intrigantes.

Não demorou muito para que Osmar expandisse a idéia...: afinal, aplicar algo tão poderoso apenas a jogos de xadrez era um disperdício notório. Logo, Hal estava recebendo como entrada não apenas movimentos de cavalos, torres e rainhas, mas também cotações da bolsa, fatores climáticos, pesquisas de opinião, nomes de cavalos de corrida. E retornando cavalos vencedores, previsões de furacões, empresas em que investir.

Obviamente, Osmar não contou a ninguém sobre as novas funcionalidades de Hal. Resolveu (pelo menos por enquanto, afirmava para si mesmo) não dizer nada a ninguém enquanto se deliciava com o resultado dos confrontos esportivos do dia seguinte.

Isso durou alguns dias. Uma tarde, Osmar estava aperfeiçoando a rotina de busca psicológica quando digitou um teste simples no console de Hal:


q>o que acontecerá a Osmar?


Quase instantaneamente, apareceu o retorno:

a> cheque-mate em dois dias.
q>


Pensou no que aquilo significava. Ele não havia retirado totalmente as referências ao jogo de xadrez de dentro do código... mas aquilo, o contexto da frase aplicado à pergunta... só podia significar uma coisa: Osmar se viu morto em dois dias.

Respirou profundamente. Pensou em tudo o que havia alcançado com Hal; pensou no que poderia levá-lo à situação que o software previra. Ele não podia estar errado... Hal enfrentou e venceu a terrível parafernalha de processadores que forma o DeepBlue sendo executado de um celular Nokia comum (na ocasião, Osmar acreditou que humilhar o time da IBM vingaria Kasparov, por quem havia simpatizado). "Vão me descobrir", pensou. "Vão descobrir que estou usando Hal para ganhar nos cavalos.". E refletiu que melhor do que os processos por fraude nas corridas de cavalo, as apostas na loteria, melhor do que a humilhação pública, a cadeia e tudo o que viria depois, melhor do que tudo isso era a morte.

Então olhou para o PC e viu o console de Hal, aguardando a próxima pergunta, como se nada houvesse acontecido. Osmar sentiu ódio, raiva, praguejou contra o computador; então, súbito, procurou pela arma escondida sob uma das gavetas da cômoda e riu tresloucadamente, gritando "Você errou!!!", antes de estourar seus próprios miolos.

Alguns dias depois, programadores experientes identificaram que, em sua última alteração, Osmar havia erroneamente invertido um sinal de maior que comprometia totalmente o resultado das análises do programa.

_________________________________________________________

Felizmente, Hal é um sonho impossível. Enquanto isso, gasto meu tempo com meu próprio jogo de xadrez: estou saturado de alphabeta pruning, bitboards, funções de avaliação e tabelas de transposição. Hal tinha um código mais elegante.

Ouço de muitas pessoas para quem falo sobre minha brincadeira aquela maldita frase utilitarista: "Mas pra quê você está fazendo isso? Já existem tantos jogos de xadrez por aí...". Tenho vontade de responder que também existem campeonatos de futebol uns iguais aos outros, e a cada quatro anos o mundo todo pára para observá-los. De qualquer jeito, gostei de perceber que fazer um jogo também é uma forma esquisita de jogar.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Turismo cinematográfico

Nesse final de semana, fui assistir a Jumper. Estava muito receoso depois de ler tantas críticas negativas, mas o filme é exatamente como eu esperava: divertido, se você conseguir deixar o cérebro fora do cinema. Mas o que economizei em irritação com a história, gastei com os adolescentes sentados nas cadeiras próximas.

Antes do filme, percebi que havia alguma coisa errada: fora um casal de namorados de mais ou menos a minha idade, todas as pessoas na fila tinham menos de 18 anos. E, como estava sozinho, tive oportunidade de reparar nas interessantíssimas conversas que se desenrolavam ao redor:

"- Você viu o Rambo novo? Uma droga... (irreconhecível) capitalismo americano (irreconhecível) Bush (irreconhecível)"

"- Acho que vou ganhar o CD do Babado Novo de aniversário!"

(ruídos irreconhecíves) (pipoca sendo atirada) (risada em altíssimo volume) (grunhidos irreconhecíves)

Não tenho pretensão de fazer os adolescentes deixarem de ser adolescentes, mas acredito que um pouco de civilidade não faz mal a ninguém. Não peço que deixem de gostar de Babado Novo, mas, por favor, não atirem pipocas um no outro nem gritem ao ver um par de seios durante o filme.

Diante de demonstrações de imbecilidade durante um show, o amigo de um amigo disse que antes do ingresso um segurança devia perguntar por nomes de músicas e trechos das letras e só permitir a entrada de quem exibisse um mínimo de conhecimento - isso eliminaria quem vai lá só pra encher o saco, mas também quem vai com boas intenções mas não conhece muito bem a banda. Não concordo com a idéia, mas me sinto meio deslocado quando vou ver algum blockbuster e percebo que turistas (ou melhor, pessoas que não vão com frequência ao cinema) estão enchendo a sala. É como se eles estivessem invadindo um espaço que não é deles por direito: "o que você está fazendo aqui? Veio ver Indiana Jones? E quando foi a última vez que você veio ao cinema... ano passado? Então não vai assistir o Indiana Jones, não."

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Top 5 notícias (nerds) de primeiro de abril que não pegariam ninguém

5 - Diretor Executivo da RIAA afirma que, pensando bem, baixar mp3 não é tão criminoso assim. (Depois de escrever isso, acabei achando isso, um CIO da EMI falando a mesma coisa)

4 - George Lucas reconhece em seu site que devia ter caprichado mais nos Star Wars mais novos, mas que vai se recompor com o Indiana Jones.

3 - Governo americano concorda em iniciar plano de retirada de tropas do Iraque. O dinheiro economizado será gasto com ações humanitárias em países de terceiro mundo.

2 - Apple anuncia nova linha de equipamentos voltada a clientes heterossexuais.

1 - GNU/Linux e Microsoft anunciam lançamento de novo sistema operacional com interface amigável e código livre, o Winux.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Conversão

Caros amigos leitores do blog,

Depois de muita leitura e reflexão interna, venho anunciar minha conversão à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos dias.

Não cabe aqui discutir os motivos de minha decisão; tenho certeza de que muitos não me entenderão, mas acredito que com o tempo, a luz da verdade há de guiar a todos.

Muito obrigado.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Backyardigans vs Bukowski


Se os Backyardigans fossem criados por Bukowski...

...Tyrone seria um jogador de futebol que pega todas as garotas mas que no fundo é um escroto. Ele usaria os chifres para espancar os colegas que, de alguma forma, não fossem "ajustados". Tyrone só temeria a Pablo.

...Uniqua seria uma garota perseguida e profundamente traumatizada por causa de manchas de nascença na pele. Ela seria discriminada e maltratada frequentemente em vários episódios. Sentindo-se extremamente deslocada entre os colegas, ela se tornaria agressiva e injusta.

...Austin seria um personagem com a sexualidade mal resolvida, sempre indeciso e procrastinador. Ele juntaria sua opinião à da maioria, de forma a tentar se esconder atrás da turba - mesmo quando sua consciência afirmasse o contrário.

...Tasha seria a mulher atraente e dominadora, a fêmea alfa em um mundo (segundo ela) formado por estúpidos de toda espécie. Ela seria desejada por todos os personagens masculinos (até mesmo Austin), e usaria o sexo para conseguir o que queria, descartando aquele que não fosse mais necessário. Seria a rainha do baile de formatura, ao lado de Tyrone.

...Pablo seria rejeitado e violento, produto de uma infância terrível. O jardim dos fundos, para ele, seria uma forma de estar longe dos pais drogados. Ele se tornaria o ídolo de Uniqua depois de esmurrar Tyrone diante de todos, mas mesmo assim a desprezaria como todos os demais.

domingo, 30 de março de 2008

Involução Parte 3 - 2012

Todos os anos, passamos batidos por um sem-número de previsões cataclísmicas. Só para demonstrar como funciona, temos aqui previsões do fim do mundo para 2007, 2006 (nesse caso, é uma lista de 15 previsões) e 2005 (mais 5 previsões).

Mas todos sabemos que o número de profetas aumenta no caso de números redondos ou, de alguma forma, mais chamativos do que os outros: aconteceu em 2000, 2001 e agora, estão falando de 2012.

E porque 2012? Porque o calendário maia ia apenas até 2012. Aí, junto com isso, chegam todas aquelas informações importantíssimas sobre a III Guerra Mundial, profecias de Nostradamus, mudanças nos pólos magnéticos do Sol, códigos escondidos na Bíblia, etc.

Bom, quanto ao fim do calendário maia, alguns dos próprios crédulos acreditam que o mundo devia ter acabado por volta do ano 2000. Aliás, o fato do fim de um calendário estar no fim não implica que o mundo irá acabar. O tal papa Gregório XIII sumiu com os dias de 5 a 14 de outubro de 1582, pondo fim ao calendário Juliano. Houve protestos e comoção nas ruas: afinal, nem mesmo o papa teria direito de roubar 10 dias da vida das pessoas.

A impressão que eu tenho, lendo os sites de "Nova Era" espalhados por aí, é que as pessoas (de alguma forma que eu ainda não consegui entender) relacionam civilizações antigas com sabedoria e conhecimento, e a nossa civilização com tecnicismo e barbárie. Vejam bem, não estou aqui dizendo que o mundo é um lugar bonito, que não temos problemas, que não temos guerra, barbárie e fome: estou dizendo que as coisas, nessas civilizações antigas, também não eram muito melhores.

Astecas praticavam sacrifícios humanos a rodo. Os monumentos egípcios eram resultado do trabalho escravo de uma infinidade de pessoas para honrar a morte de apenas uma. Os maias tinham uma classe privilegiadíssima que vivia dos impostos da grande massa dos menos favorecidos. As três civilizações eram teocráticas. E se os maias fossem realmente bons em prever o fim do mundo, o final de seu calendário seria por volta de 1500, tendo como protagonista um espanhol.

Hoje temos apenas mais tecnologia. Ganhamos mais expectativa de vida (que, apesar de tanta pretensa sabedoria das civilizações antigas, era baixíssima) e junto com ela a possibilidade de destruirmos o planeta. Até agora estamos passando no teste (por pouco, é verdade) mas me pergunto se algum líder religioso na mesma situação já não teria apertado o botão vermelho.

PS: se eu fosse fazer uma previsão para o fim do mundo, ia escolher pelo menos um número primo. Algo como 2003 ou 2017.

PS 2: falam da inversão dos pólos magnéticos do Sol. Pois bem, os pólos se inverteram em 2001 e ninguém se lembra do ocorrido. Aliás, os pólos do Sol se invertem a cada 11 anos.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Visita a São Paulo

Visitei São Paulo durante essa semana. Para melhor demonstrar a situação, criei um gráfico de Afabilidade com a cidade x Eventos. Melhor visualizável clicando na imagem.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Matemática para dummies

Alguns problemas em matemática sempre me deixaram um pouco perplexo. Um que sempre me intrigou foi o problema da porta dos desesperados - lembram, daquela historinha do Sérgio Mallandro?

A idéia é a seguinte: você tem que escolher entre três portas. Uma delas tem um prêmio, outras duas têm um monstro. Quando você escolhe a primeira porta, o Sérgio Mallandro abre aleatoriamente uma das duas portas que contém um monstro. A pergunta é: é probabilisticamente vantajoso trocar de porta, depois que ele mostra uma das portas que não tem o prêmio?

A resposta inicial da maioria das pessoas é "não". Afinal, são duas portas; a probabilidade de ter o prêmio em uma ou em outra seria de 50% - então, tanto faz continuar com a sua porta inicial ou trocar pela outra. Mas eu li diversas vezes na internet pessoas falando sobre o problema e afirmando que sim, é vantajoso trocar de porta. Mas confesso que nunca tinha estado plenamente convencido.

Ontem, me lembrei disso e pensei que podia construir uma simulação no computador para a mesma situação. Afinal, o computador pode gerar números pseudo-aleatórios com confiabilidade suficiente para testar a proposição. Infelizmente, mesmo antes de rodar o programinha, descobri a resposta (na verdade, descobri enquanto criava a lógica do programa).

A pessoa escolhe uma das 3 portas. Temos as seguintes possibilidades:

1 - Se a pessoa escolheu a porta certa no início (1/3 de chance), então o sapeca Sérgio Mallandro irá abrir uma porta com o monstro qualquer. Nesse caso, seria desvantajoso trocar, pois estaríamos trocando a porta certa por uma porta errada.

2 - Se a pessoa escolheu a porta errada (2/3 de chance), então Mallandro irá abrir a outra porta que tem o monstro. Nesse caso, seria vantajoso trocar, pois a porta que o apresentador não abriu será necessariamente a porta premiada.

Então, em 2/3 das chances, será vantajoso trocar.
O programa rodou e deu exatamente esse resultado: em 100000 execuções, foi melhor trocar a porta em 66683 vezes e foi melhor não trocar a porta 33317 vezes.

terça-feira, 18 de março de 2008

Coisas para fazer no Ubuntu


Consegui, depois de algum trabalho, rodar o Sins of a Solar Empire no Ubuntu. O que estranho é que ele está rodando melhor no Linux do que no Windows (onde devia ser executado, originalmente).

segunda-feira, 17 de março de 2008

O senhor Certo

O senhor Certo está sempre certo e nunca comete nenhum erro. Se o senhor Certo comete algum erro, é porque alguma variável que não era controlada pelo senhor Certo interferiu em sua decisão e, com a informação que ele tinha, o certo era fazer o que ele fez.

O senhor Certo gosta de futebol, e não consegue fazer uma refeição sem arroz e feijão. O senhor Certo acha que essa é a comida certa, mas respeita outras opiniões (porque isso também é certo, pelo menos nesse caso). O senhor Certo imagina que no mundo todo, Japão, África e Indonésia, todos fingem que comem coisas diferentes mas, quando ninguém está olhando, voltam ao arroz e feijão (que é a verdadeira comida, todo o resto parece lanche para o senhor Certo).

O senhor Certo é católico não praticante. Ele não gosta de evangélicos, mas evita qualquer opinião conflitante quando está próximo a um deles. O senhor Certo não sabe do que se trata a religião budista, islâmica, judia ou hinduísta. Para ele, é tudo mais ou menos a mesma coisa, não-certo.

O senhor Certo condena o imperialismo norte-americano e a figura caricata de George Bush mas, nas conversas de bar, luta contra o aborto, a favor da pena de morte e pelo direito do Brasil invadir a Bolívia por conta dos problemas com a Petrobrás. O senhor Certo não acredita que haja nenhuma contradição entre esses termos.

Sempre que a conversa desvia para algum assunto que o senhor Certo não domina, ele silencia. O senhor Certo só fala sobre as coisas de que está 100% certo. Se o senhor Certo não conhece o assunto, este simplesmente não interessa; caso interessasse, o senhor Certo já estaria certo sobre isso também. O senhor Certo nunca discute; ele expõe sua certa opinião e, ao ouvir argumentos contrários, ele afirma: "cada um, cada um" como se, por um momento, acreditasse que há a possibilidade de ele estar errado. Mas sabemos que isso não é possível.

O senhor Certo abomina a dúvida e as nuances, não entende jogos de idéias. O senhor Certo acredita que a teoria é para quem não entende da prática. O senhor Certo lê frequentemente livros técnicos de sua área, mas nunca conseguiu chegar à décima página de 'O Pequeno Príncipe'.

Caso, por algum motivo desconhecido, o senhor Certo chegasse a ler todas essas linhas (que seriam normalmente descartadas por falta de utilidade) ele teria dificuldade de encontrar aqui qualquer crítica.

"I am never wrong. Once, I thought I was wrong, but I was wrong."

sexta-feira, 14 de março de 2008

3/14

Hoje é Pi Day.

terça-feira, 11 de março de 2008

Top 6 filmes de vingança

(que acabam sendo os 6 filmes de vingança de que consigo me lembrar)

6 - V de Vingança
V é o único sobrevivente de um experimento etc etc etc. O que aconteceu a ele não importa muito; no filme, ele tem habilidades sobre-humanas que utiliza para tentar heroicamente derrubar o governo corrupto que se instaurou em um futuro não muito distante. Acredito que a vingança em si é só um detalhe entre as motivações do personagem (pelo menos do filme) e por isso, apesar da grande qualidade, não colocaria o filme entre os três primeiros.

5 - Sleepers
Um grupo de garotos faz uma bobagem e alguém acaba morrendo. Eles vão pra um reformatório, onde sofrem abusos de toda espécie. Quinze anos depois, encontram os carcereiros que os abusaram. Aqui, o melhor detalhe é o longo tempo de duração da história... imaginem cozinhar ódio por quinze longos anos e depois descarregar tudo em apenas alguns dias.

4 - Era uma vez no oeste
Era uma vez no oeste é, acredito eu, o melhor faroeste já filmado. A história é uma visão melancólica do fim dos valores dos filmes western e a substituição desses valores por outros, mais complexos e não menos terríveis. E há um pano de fundo, a vingança de um homem quieto, taciturno, sobre um matador conhecido... é como se todas as mortes gratuitas nos filmes de faroeste estivessem sendo vingadas com um único tiro.

3 - Oldboy
Alguns filmes orientais estão deixando os norte-americanos no chinelo, em termos de violência. Oldboy não foge a esta regra, mas a violência física é um detalhe para demonstrar outras, de magnitude muito superior. Oldboy tem a mais complexa de todas as vinganças, mas só se sabe disso a poucas cenas do final. Terrível.

2 - O Conde de Monte Cristo
Clássico. O Conde de Monte Cristo é o livro preferido dos garotos em Sleepers, por sinal. Edmond Dantes, preso injustamente, consegue uma fortuna por acaso e retorna para humilhar, vencer e eliminar quem o traiu. Enfim, é quase um arquétipo da idéia de vingança.

1 - Kill Bill
Um clássico moderno; A noiva, atacada e deixada em coma no dia de seu casamento, retorna para cobrar o doce preço da vingança a seus algozes. É praticamente um compacto de todos os western e de todos os filmes orientais baratos em uma só história: uma abundância de closes nos olhos, tiros, facadas, espadadas. O primeiro filme é perfeito.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Ichi, o assassino



De vez em quando, a gente encontra um filme que não simplesmente surpreende, mas também ignora totalmente as expectativas iniciais. Aconteceu comigo com o Onde os fracos não têm vez e também com Ichi, o assassino.

A história de Ichi não chama muito a atenção: um chefão da máfia japonesa desparece com uma certa quantia em dinheiro e não se sabe de seu paradeiro. O chefe é procurado sem sucesso pelos capangas, mas os métodos extremamente violentos utilizados na busca chamam a atenção de pessoas inicialmente alheias ao ocorrido.

O que fica claro, desde o início, é a absoluta e descarada violência em praticamente todas as cenas. Logo nos primeiros minutos, fiquei tentado a desligar o DVD depois que Kakihara (um fiel capanga do chefe desaparecido, o simpático sujeito no poster do filme) tortura seu primeiro suspeito com ganchos, espetos e óleo quente. Ichi é um personagem um pouco alheio à história e, longe de ser um herói, também se mostra um sádico violentíssimo.

Na verdade, todos os personagens são violentos de alguma forma, e estão obsessivamente ligados a essa violência. Kakihara, apesar de ser um grande torturador, revela-se o arquétipo de um masoquista; Ichi é um sádico maluco que se arrepende por algum tempo das barbaridades que comete (contra supostos homens maus, mas isso não faz diferença nem para ele nem para quem assiste), mas que também tem muito prazer em tudo o que faz (e, vejam só, ele fica catatônico na frente da TV, jogando Tekken). Há uma ampla gama de personagens e situações: prostitutas, drogados, estupros e mortes de todas as formas.

Algumas cenas são toscas, chegando a ser cômicas como em Kill Bill. Outras são realistas, realistas a ponto de fazer virar o rosto. Ichi, quando entra em um aposento para enfrentar seus antagonistas, só sai de lá depois de deixar uma pilha de membros e sangue do chão até o teto. Kakihara se surpreende com isso e se sente atraído por ele: o grande masoquista procurando o grande sádico, e a morte como uma forma de neutralizar a paixão pela violência.

O mundo de Ichi é o mesmo mundo que Ed Tom Bell (o personagem de Tomy Lee Jones) vê em Onde os fracos não têm vez: um lugar corrompido, destruído pela violência e que não pode ser entendido por uma mente mais velha. A violência, para Tom, antigamente poderia ser entendida em suas causas: a ganância, a luta pelo poder, o ódio e o amor. Agora, a violência não se explica, como se fizesse parte do dia-a-dia, como se o homem tivesse nascido para matar (e aqui fica insinuada uma relação com Assassinos por natureza, ainda mais com a presença de Woody Harrelson).

Na história de Ichi, o chefe é um MacGuffin*; na história de Tom Bell, o dinheiro é um MacGuffin. Anton Chigurh poderia ser tranquilamente um personagem do filme japonês. E, nos dois mundos, qualquer um que não faça parte do jogo da violência vira um simples expectador, já que contra a violência sem limites e sem explicação não cabe nenhum herói.


* - Para quem está com preguiça de procurar, MacGuffin é um objeto qualquer que motiva os personagens e faz a história andar, mas cujos detalhes não são conhecidos ou simplesmente não importam ao expectador. Por exemplo, a mala em Pulp Fiction ou a chave em Piratas do Caribe: O baú da morte.

sábado, 1 de março de 2008

Como ganhar na Megasena...

...ou, como enganar as pessoas levando-as a achar que é fácil ganhar na Megasena (desculpem pelo cata-corno google).

Percebi por algumas estatísticas no blog que a maioria das pessoas entra aqui procurando informações que ajudariam a alguém ganhar na sena, loto, ou qualquer coisa que o valha. Então, resolvi enumerar alguns conselhos:

1 - Jogar ou não é uma questão mais de fé do que tática. Muitas pessoas usam o argumento de que "alguém sempre ganha". Isso é quase sempre verdade mas, mesmo se você não jogar, pode acabar ganhando (encontrando um bilhete premiado na rua, por exemplo). Segundo o site g1, é 50 vezes mais fácil ser atingido por um raio do que ganhar na MegaSena... a diferença é que ninguém te pergunta "o que você faria se fosse atingido por um raio", mas todo mundo tem planos para o dinheiro da Megasena.

2 - Jogue uma moeda não viciada 25 vezes. Se em todas as vezes 25 vezes sair cara... amigo, você gastou a chance da sua vida jogando uma moeda para cima. A chance de ganhar na Megasena é de uma em 50 milhões... a chance de jogar uma moeda e dar cara em todas as 25 tentativas é de 1 em 33 milhões (1/2^25).

3 - A chance para qualquer sequência escolhida aleatoriamente é exatamente a mesma. Parece estranho, mas qualquer sequência escolhida de forma proporcional entre os números tem a mesma chance de sair do que 1, 2, 3, 4, 5, 6. Mesmo assim, 1,2,3,4,5,6 deve ser uma sequência muito apostada, o que faria o prêmio diminuir muito.

4 - As probabilidades podem ser complicadas ao extremo, mas sempre podem ser entendidas no formato (número de situações favoráveis)/(número de possibilidades). Então, se a chance de uma sequência sair é de 1/50.063.860, e você apostar em duas sequências, as chances serão de 2/50.063.860 = 1/25.031.930. O aumento da probabilidade de um jogo vencedor é uma curva exponencial com o seguinte formato:



Aqui, a chance de 100% seria representada por 1 (no caso de se fazer 50 milhões de jogos). Fica claro que o maior aumento de probabilidade de um jogo ganhador se dá com menos jogos. Caso a quantidade de jogos vá aumentando, o aumento da probabilidade diminui. Por exemplo, para ter uma chance em 3 milhões, são necessários 17 jogos; para ter uma chance em um milhão, são necessários 51 jogos. Faz muito mais diferença, estatisticamente falando, fazer 1 ou 2 jogos do que fazer 10 ou 11.

5 - O fato de um número ter saído mais ou menos vezes em jogos anteriores não influencia em absolutamente nada o resultado do próximo jogo. Isso invalida qualquer um desses livros que ensinam como ganhar, o que fazer, o que não fazer: se isso funcionasse, o autor do livro já haveria ganhado alguma coisa.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Mensagem subliminar

rumores afirmam que se você rodar os cds da microsoft ao contrário, irá ouvir mensagens satânicas.

pior ainda é que se você rodá-los normalmente, eles irão instalar o windows.

Direto de "O nome da rosa"

Um diálogo muito bem construído sobre a discussão entre religião e ciência:

"Mas então", ousei comentar, "estais ainda longe da solução..."
"Estou pertíssimo", disse Guilherme, "mas não sei de qual."
"Então não tendes uma única resposta para vossas perguntas?"
"Adso, se a tivesse ensinaria teologia em Paris."
"Em Paris eles têm sempre a resposta verdadeira?"
"Nunca", disse Guilherme, "mas são muito seguros de seus erros."
"E vós", disse eu com impertinência infantil, "nunca cometeis erros?"
"Frequentemente", respondeu. "Mas ao invés de conceber um único erro imagino muitos, assim não me torno escravo de nenhum."


E estou eu divagando em meus diálogos metafísicos quando a infeliz realidade me traz de volta e me obriga a trocar um pneu. Imagino se Aristóteles tinha dores de dente enquanto escrevia; se Sócrates teve alguma de suas togas preferidas rasgada durante uma sessão de perguntas e respostas. A idéia é concebível, mas pouco palpável: alguns personagens só são facilmente imagináveis no mundo mental. Mas Newton (segundo a lenda) imaginou a lei da gravidade ao ser atingido por uma maçã, Arquimedes estava na banheira quando descobriu o princípio que leva seu nome. Eu... eu só troquei um pneu mesmo.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Partido da palhaçada


A idéia, como tantas outras, surgiu em uma conversa regada a cerveja barata e incentivada por amendoim salgado. Imaginaram que tudo provavelmente não passaria de um papo de bar, em que muito é falado e nada é feito... mas, dessa vez, não foi bem assim.

O partido foi fundado dois meses depois. O advogado do grupo se encarregou da burocracia, agindo como se tudo fosse uma grande brincadeira mas realizando os procedimentos de forma precisa, impecável. Em pouco tempo, contavam com cerca de 20 partidários devidamente filiados.

O princípio era simples: avacalhar as estruturas, normas e o status quo. As propostas do partido eram baseadas na total falta de seriedade: servir batata-frita e cachorro quente para as crianças como merenda nas escolas; usar o dinheiro da previdência para fazer uma rave especialmente voltada à terceira idade, com artistas da velha guarda (inclusive com previsão de verbas para a distribuição ilícita de anfetaminas); promover congressos, encontros e workshops diversos sobre a utilização da coca-cola como desentupidor de pia, sua viabilidade e meios de operação; obrigar o ensino do gênese segundo a Igreja do Espaguete Voador para todos os alunos do ensino médio.

As coisas começaram devagar. Devido à sua influência, os fundadores do partido conseguiram eleger um vereador em sua cidade de origem. Seu nome de batismo era João Pontes, mas depois da eleição a alcunha de "Zé Cachaça" passou a ser utilizada pela maioria da população. João não era alcoólatra: ganhou o apelido devido a uma de suas propostas, em que sugeria substituir a água comum utilizada nas fontes da cidade por aguardente.

Os demais vereadores não permitiram que o mandato de Cachaça durasse muito tempo. Através de uma artimanha jurídica, conseguiram uma cassação a despeito da vontade da população, que tirava das atividades do tresloucado vereador risadas melhores do que as provocadas por qualquer humorístico global. João fez dezenas de propostas absurdas, agitou a câmara com vestimentas inapropriadas, agendou uma reunião de hippies ambientalistas com o fabricante de isopor da cidade... mas a única medida que conseguiu realmente aprovar foi dar o nome de Suellen Pâmela (praticante notória da profissão mais antiga da história) a uma avenida da cidade (os outros vereadores não perceberam a gafe até ser tarde demais).

Mas, apesar do pequeno sucesso logrado por Cachaça, as notícias se espalharam rapidamente. Em pouco tempo, o PaPa, Partido da Palhaçada, ou Partido da Pataquada, ou ainda Pata (que) Pariu monopolizava os temas de sites de relacionamento on-line, conversas de barbeiros e reuniões das Senhoras de Santana. A opinião era, com raríssimas exceções, unânime: todos achavam o PaPa o máximo. "Já que os políticos acham que somos todos palhaços, vamos colocar uns palhaços para fazer política", diziam.

O fenômeno cresceu. Os políticos tradicionais acreditavam que seria apenas uma moda passageira e, quando tentaram reagir, já era tarde demais. "Isso é um absurdo", diziam. "Eu passei a minha vida inteira aprendendo política e agora o povo vota em um bando de idiotas." O PaPa conseguiu eleger três governadores estaduais nos três estados em que lançou candidatos: Reinaldo Leleca em Pernambuco, Ricardo Batuta no Acre e Antônio Maluco em São Paulo.

A administração em São Paulo e no Acre não produziu quase nenhum resultado. Como não conseguiu maioria nas assembléias estaduais, o PaPa desses estados se esforçava para tumultuar as votações provocando sucessivas prorrogações: nada era decidido, nunca. O povo desses estados, estranhamente, não percebeu muita diferença com relação às administrações anteriores.

Em Pernambuco começou o movimento que, tempos depois, foi chamado de Revolução Insana. Além do Executivo e do Legislativo, também o Judiciário foi tomado por ferrenhos papastas. Apesar da aparente falta de critério nas ações do partido, havia uma estrutura muito bem organizada que permitia atividades de larga escala: era uma loucura institucionalizada e, apesar de amplamente aberta a novas idéias, mantinha uma linha de raciocínio absurda que permitia a orquestração de atividades de grandes proporções.

Mas ninguém estava preparado para o que estava por vir. Através de obscuros regulamentos jurídicos esquecidos nas entrelinhas da Constituição, o PaPa conseguiu vender todo o patrimônio do Estado de Pernambuco (inclusive o Estado em si) e, com o dinheiro, organizou uma grande queima de fogos que durou três dias e pôde ser observada até do Japão. Cientistas até hoje tentam explicar o fenômeno, mas partidários do movimento Terra Plana afirmam que é mais uma evidência para suas teorias. O PaPa concorda.

Todas as instituições estaduais em Pernambuco entraram em colapso. Os políticos tradicionais eram amarrados a postes de iluminação e sofriam com tortas no rosto por dias e dias. As portas dos hospícios foram abertas; as das delegacias, trancadas.

O governo federal sofreu com desinformação e boatos espalhados pelos membros do PaPa. Quando tentou intervir com os militares, notou que esses também já estavam infectados: a grande maioria do corpo se juntou aos populares pernambucanos durante a chamada Festa do Chapéu, em que todos ficavam nus, mas eram obrigados a cobrir a cabeça de alguma forma. Apesar dos comentários preocupados das Senhoras de Santana, relatos indicam que a festa foi mais de "liberdade arbitrária" do que expressão sexual.

Terminou ontem a grande preparação para o impeachment do presidente da República; amanhã, no fim da tarde, tudo estará decidido. A atual conjuntura indica mais uma grande vitória do PaPa, que irá indicar o atual presidente da Câmara dos Deputados, Marcos Doidão, para ocupar o cargo.

Marcos foi entrevistado hoje e disse que "...as políticas econômicas e fiscais serão mantidas..."; "...não será feita nenhuma grande mudança no câmbio ou na taxa de juros..."; "...investimentos em infra-estrutura continuarão no mesmo ritmo...". Até agora, ninguém sabe se ele está de brincadeira.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Pede pra sair, Inácio Araújo


Não tenho nada contra críticos de cinema; pelo contrário, gosto muito de procurar comentários interessantes sobre filmes, em especial sobre os de que amo e os que odeio. Mas as resenhas do Inácio Araújo, crítico oficial da Folha de São Paulo, acabam sempre me chamando a atenção pela obviedade e, às vezes, pela superficialidade. Leio a crítica e fico me perguntando: "Mas será que ele prestou atenção no filme? Nem parece o mesmo que assisti.", ao que ele responderia: "Não havia nada ali que me fizesse prestar atenção.". É como se o filme não fosse digno de ser assistido por ele, e tudo o que fosse encontrado na projeção seria uma consequência da (segundo ele, péssima) premissa inicial. Não há nada que preste em um filme que não esteja no rol de seus filmes assistíveis: o gosto pessoal dita a resenha.

Isso não é exclusividade dele: muito mais fácil encontrar entre os filmes aclamados pela crítica um dramalhão do que uma comédia. Mas estou me alongando.

Hoje a Folha publicou um texto do Inácio Araújo discutindo semelhanças e diferenças entre o Tropa de Elite e o Rambo 4, que acabou de estrear nos cinemas brasileiros. Não assisti a Rambo 4 (ainda), mas resolvi discutir alguns de seus comentários porque (mesmo sem ter visto o filme) alguns erros me pareceram óbvios.

Inácio cai rapidamente na confortável posição de acusar o Capitão Nascimento de ser um herói incorreto, coisa que qualquer aluno de quinta série consegue fazer. E Rambo seria o herói ideal, eficiente no que faz, representante e conectado ao mundo que defende (pelo menos no que se refere à sua eficiência). "Como se nossa experiência cultural conduzisse a um tipo de esquizofrenia, em que nos miramos e de certa forma aspiramos ao heroísmo cultivado pelo cinema norte-americano, mas somos simplesmente incapazes de inserir esse tipo de experiência na nossa vivência cotidiana. Porque Nascimento é tragicamente cortado de sua sociedade."

Nada mais superficial.

Em primeiro lugar, se Rambo e Nascimento se parecem em alguma coisa, é na eficiência acima de tudo, acima das regras, procedimentos e, mais claramente ainda, acima da burocracia. Rambo e Nascimento são cowboys que resolvem os problemas sem depender da estrutura estabelecida: no caso de Nascimento, sem o aparato legal e, no caso de Rambo, sem toda a estrutura militar, vista como dispensável.

Em segundo lugar, nada mais desconectado de seu mundo do que Rambo. Mesmo sem considerar o primeiro filme (em que ele é tratado como um mendigo, espancado e desprezado em seu próprio país - já sendo um herói de guerra), Rambo nunca teve uma relação muito boa com seu país em seus outros filmes, nem mesmo no mundo militar, em que atua normalmente sozinho. No mundo civil, ele se considera desprezado e infeliz:

Trautman: Você não pode continuar fugindo, John. Você está livre conosco, volte com a gente.
Rambo: Voltar a quê? Meus amigos morreram aqui, parte de mim morreu aqui.
...
Trautman: Então o que você quer?
Rambo: O que eu quero, o que eles querem, o que qualquer cara que veio pra cá e cuspiu suas tripas e deu tudo o que tinha para dar quer! Que o meu país nos ame tanto quanto o amamos. É tudo o que eu quero!


Inácio afirma que Rambo seria conectado ao seu mundo pela sua eficiência, mesmo desprezado por seus concidadãos. Rambo não se importa com a sua eficiência; ele não quer guerrear, não quer matar - quer voltar a seu país e ser respeitado. Seu país se lembra dele somente em momentos de necessidade, em que é convocado (o Capitão Nascimento age da mesma forma, mas parece totalmente absorto pelo mundo do crime).

Nascimento, segundo o crítico, é mais fracassado do que o Homem-Aranha por não conseguir preservar seu casamento e não ter direito à paternidade. Que Nascimento é um desajustado, é óbvio, mas o autor deixa de considerar que esse é um tema muito comum não só no cinema norte-americano mas também em qualquer atividade do mundo moderno (além de convenientemente ignorar que Rambo também é um pária):

Atendo-me somente aos filmes policiais, agora consigo me lembrar do Fogo contra Fogo (brilhante, em um jogo de bandido e mocinho que mais parece uma brincadeira com espelhos) - em que ambos os personagens acabam sozinhos (e um deles, morto); do Sobre Meninos e Lobos - em que o personagem de Kevin Bacon foi recentemente abandonado pela esposa; e do Chamas da Vingança - em que o personagem de Denzel Washington não consegue nem parar de beber, quanto mais conviver em sociedade. Jack Bauer (muito mais parecido com Nascimento do que Rambo) perde sua esposa, vítima de terroristas (o que o faz sentir culpado, obviamente).

Se o tema é tão comum, como afirmar que o herói de Tropa de Elite seria uma cópia fracassada do que cinema americano produz? Dizer que o Tropa é cinema americano, pra mim, já é ir longe demais (principalmente sem explicar nada para corroborar a afirmação); ainda mais dizer que o Capitão Nascimento é diferente (e falho) baseado em uma característica em que é idêntico a seus pares.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Expelled

Há algum tempo o proeminente evolucionista Richard Dawkins foi levado a crer que estava dando entrevistas para um documentário sobre os conflitos e semelhanças entre religião e ciência, quando na verdade os entrevistadores estavam juntando informações para um "documentário" defensor do design inteligente chamado de Expelled.

O "documentário" afirma que não há professores universitários adeptos do design inteligente porque é negada a eles a entrada em qualquer universidade.

Agora, os produtores do "documentário" irão pagar a escolas que exibirem o filme a seus alunos, em doações de até US$10.000,00. O site também paga US$500,00 por opiniões aproveitadas e canções "didáticas". Criacionistas, aproveitem! Aparentemente, os idealizadores não estão muito confiantes da qualidade de seu produto.

Comentários:
1 - Dawkins também pode ser enganado, o que me leva a crer que mesmo um grande cético ateu ainda tem algo de crédulo bem no fundo de seu ser.
2 - Não há cientistas adeptos do design inteligente porque não podem entrar nas universidades ou são os adeptos do design inteligente que não conseguem ser cientistas?
3 - Pagar para assistir filme? Não me pagaram nada nem quando assisti Até o limite da honra. O "documentário" deve ser muito bom mesmo.

IURD vs Folha

Pataquada essa história da Igreja Universal processar a Folha. A legislação brasileira com certeza é retrógrada - tanto que permitiu ao Roberto Carlos tirar de circulação uma biografia que o desagradou. Mas esse caso é ainda pior: tudo indica que o objetivo da Universal é intimidar os meios de comunicação a não mexerem com ela.

Fico imaginando o que aconteceria se cada católico processase a IURD pelo caso do chute na santa. Os fiéis da igreja Universal deviam gastar suas energias e seus processos com o Edir Macedo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Involução Parte 2 - Meu colega físico

Desde que ele foi indicado para trabalhar conosco, eu sentia que alguma coisa não estava muito do jeito que eu esperava. O rapaz, estudante de Física, tinha alguns comportamentos esquisitos e gostava de forró... nada contra, mas não era compatível em nada com a minha imagem do estudante de Física padrão.

Até aí, nada de mais. O problema começou quando ele percebeu que eu me interessava pela área e começamos a conversar sobre notícias e curiosidades. Notei que ele preservava uma postura levemente arrogante durante nossas conversas, mas eu acreditava que era tudo justificável porque ele passava boa parte dos seus dias calculando integrais complicadíssimas e eu só lia as notícias do Slashdot. Ele tem suas razões, eu pensava. E eu sabia, ainda sei, que se eu for me alistar para uma seleção antes do fim do mundo, a profissão que vou escolher é de computeiro, não físico*.

Mas as coisas engrossaram de verdade quando ele veio me falar do moto contínuo. "Ai, cara... você não tá falando sério, não é?", eu disse. E ele disse que estava e que tinha visto em uma revista de divulgação científica importante de cujo nome ele (convenientemente) não se lembrava. Eu dizia "Cara, mas e a termodinâmica, e a segunda lei, rapaz?", e ele respondia (com cara de quem não sabia do que eu estava falando) que as teorias estão aí para serem quebradas e que o que é realidade hoje há 10 anos atrás era utopia. E eu dizia (já sem esperança de convencê-lo em seu território) que se isso tudo fosse verdade todo mundo estaria falando disso nesse momento e os jornais todos estariam publicando e os carros estariam sendo movidos com ímãs. E ele disse que logo eu ia ver que tudo o que ele estava falando era verdade. Para evitar uma briga, deixei ele falando sozinho.

O tempo passou; eu continuava abastecendo meu carro com gasolina.

Há algum tempo atrás, ele veio com uma novidade: tinha descoberto como ganhar na MegaSena se utilizando de um infalível cálculo probabilístico. Fiquei ansioso, já estava pedindo 10% do prêmio anterior quando ele me deu a notícia que meu (grande) lado cético já esperava: ele ainda não havia ganhado.

Voltei a mim: eu conhecia o rapaz, trabalhava com ele, e apesar de não considerá-lo totalmente desprovido de inteligência, também não era nenhum gênio. Perguntei: "Mas cara, a chance de ganhar não é 60!/(54! * 6!)?" (O que dá mais ou menos 1/50 milhões). E ele disse que não, e que tinha aprendido na faculdade uns cálculos probabilísticos muito complicados que explicavam que as coisas não eram bem assim, e que era possível descobrir os números que seriam sorteados se todos os cálculos fossem realizados corretamente, mas que eram muito complicados.

Pausei a conversa e pensei. O que eu queria ter ali conversando comigo era um gênio com um potencial imaginativo incrível que havia descoberto algo extraordinário. Eu poderia ajudá-lo a realizar os cálculos e ficaríamos ricos. Mas, na verdade, o que eu tinha era um estudante de graduação em Física, com um certo histórico de alegações infundadas e que agora afirmava algo que me parecia completamente fora da realidade. E, se fosse verdade, alguém já teria feito e o jogo todo não faria mais sentido. Resolvi não ser crítico demais adotar o método socrático... comecei a fazer perguntas.

"Mas olha, se você descobriu como fazer essas contas todas, porque você ainda não ganhou nada?", perguntei. Ele disse que já tinha jogado perto e acertado cinco dezenas mas que dava muito, muito trabalho. E eu disse: "cinco dezenas? Ganhou a Quina?", ao que ele respondeu que não, que dessa vez só estava testando. Mantive a linha: "Mas então, vamos fazer no próximo sorteio, você me ensina a fazer as contas, dividimos o trabalho e a grana do sorteio." Ele disse que não, que eram vários dias de contas, trabalho demais. Eu: "mas você não acha que 10 milhões justificam uma semana ininterrupta de trabalho?". Ele desconversou falando da complicação dos cálculos.

Mudei minha tática: "Então, se dá tanto trabalho, vamos colocar os cálculos no computador. O computador faz as contas muito melhor do que nós fazemos.", disse eu feliz ao falar sobre um assunto que domino. Mas ele disse que não era possível colocar as contas no computador, que não dava, e eu insistia e queria saber por que motivo, e ele finalmente disse que era porque envolvia o Princípio da Incerteza e outros aspectos não computáveis da Quântica.

Parei a discussão. A Lei de Godwin reza que "Se uma discussão na Internet se prolonga por algum tempo, a chance de aparecerem comparações envolvendo Hitler ou nazistas se aproxima de 100%": há algum tempo tenho notado que a Física Quântica é o equivalente da Lei de Godwin para as baboseiras pseudo-científicas (não que a Física Quântica seja baboseira em si mesma, mas seu nome é utilizado como ferramenta protetora de baboseiras). Fui menos agressivo do que esperava; só disse a ele para fazer as contas que julgasse necessárias e se lembrar dos colegas de trabalho caso tudo funcionasse.

O tempo passou; meu carro agora é movido a álcool e meu colega não trabalha mais conosco. Tive notícias dele há alguns dias, deixou o ramo de computação embarcada e trabalha como webdesigner. E continuamos os dois pobres.

* - Havia um teste na minha juventude em que você tinha que selecionar 10 pessoas para repovoar o mundo em um grupo de umas 30. Havia um médico com câncer, uma mulher deficiente mental que estava grávida, e por aí vai. Andei procurando o teste na internet mas não encontrei nada.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Brincando de TagCloud

Fiz uma Tag cloud no site TagCrowd.com a partir dos textos publicados em 2008 por Olavo de Carvalho em seu site. As tags mostram muito bem os assuntos. Dá quase para completar as lacunas.



created at TagCrowd.com


Indiana Jones e o reino da bengala de cristal



Há algum tempo tenho pensado nesse filme... começa com o Indy usando um andador, daqueles usados por velhinhas, tentando entrar em uma tumba. Ele não consegue e dá a volta, usando a rampa para deficientes.
Chegando a uma inscrição na parede, ele começa a tatear os caracteres, tentando lê-los em Braile (os óculos não ajudam com tão pouca luz). A ação só seria interrompida pelas frequentes sonecas do protagonista ou pela sua absoluta falta de memória. O caderninho não seria utilizado apenas para anotar o misterioso significado de inescrutáveis hieroglifos, mas também para lembrar nosso herói do horário de seus medicamentos.

Queria ser bom em flash para fazer uma animação disso.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Oh fuck, the internet is here


O culto conhecido como Cientologia ficou famoso por, entre outras coisas, recrutar famosos como Tom Cruise, Juliette Lewis e até a mulherzinha que faz a voz chata do Bart Simpson (também conhecida como Nancy Cartwright). Também é conhecida por acusações de charlatanismo, roubalheira, lavagem cerebral, perseguição contra adversários da "igreja" e até assassinato. Isso tudo é muito bem documentado, não estou inventando nada.

Na França, o parlamento emitiu um relatório classificando a Cientologia como um culto perigoso. No Reino Unido, Alemanha e no Canadá a igreja não goza de nenhum benefício de instituição religiosa.

Pois bem, isso já faz algum tempo. Aí, no começo do ano, o Tom Cruise apareceu em um vídeo no Youtube falando algumas coisas bem reveladoras.... entre elas que só cientologistas poderiam realmente cuidar das pessoas que sofreram um acidente de carro, e que os cientologistas são os únicos capazes de curar viciados em drogas (veja aqui).
O vídeo vazou de uma campanha interna da própria Cientologia e os cientologistas ficaram bem bravos com o vazamento. Ameaçaram o Youtube, que tirou o vídeo do ar... mas já está lá de novo e em vários outros sites mais corajosos, como o Gawker.com.

Alguns anônimos da internet se juntaram e começaram um movimento por conta dessa história. Criaram um manifesto e colocaram no Youtube: A Message To Scientology. Então, atacaram sites da Cientologia, derrubando vários servidores. Depois, no dia do aniversário de Lisa McPherson, que morreu nas mãos do culto, organizaram um manifesto a la V de Vingança (fotos do protesto podem ser vistas aqui). A melhor palavra para descrever o protesto (e aqui me perdoem o anglicismo) é awesome. Cheia de irreverência e jargões de Slashdot: tl;dr, The cake is a lie e, é claro, "Oh, fuck, the internet is here". Não tem coisa melhor do que rir de idiotas que se levam a sério. Ah, vejam também isso aqui, um vídeo do South Park rindo dos Cientologistas.



Tudo isso me fez lembrar do extinto Marketing Hacker, cujo autor se esbaldava em falar de movimentos internetescos como o all your base are belong to us: ele não via apenas uma pequena besteira sem sentido correndo a web, via um novo movimento que estava surgindo e que poderia, em breve, mudar a história, acabar com a globalização, encontrar cabelo em ovo, etc.

Sempre achei que essas modas de internet eram úteis só pra dar umas risadas, mas depois dessa história da Cientologia e também do movimento surgido quando o Digg.com tirou do ar os códigos do hd dvd me fazem pensar duas vezes a respeito. Posso continuar achando que nada vai mudar muito, mas também vou querer participar da farra.

"Knowledge is free.

We are Anonymous.

We are Legion.

We do not forgive.

We do not forget."

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Involução - Parte 1

Do site Renasce Brasil, mantido por um senhor chamado Valvim M. Dutra:

"Que comentário poderíamos fazer a respeito da perfeita localização do umbigo e do ânus?... Já pensou se por evolucionismo ou por obra do acaso, fosse ao contrário, o ânus no lugar do umbigo?... E o “bumbum”, seria um enorme calo evoluído de si mesmo, ou uma almofada natural devidamente planejada para sentarmos confortavelmente?..."

Em primeiro lugar, o sr. Valvim deve reconhecer que, se ele e todo o resto do mundo tivessem nascido com o ânus no lugar do umbigo, ele citaria o mesmo exemplo como localização perfeita: afinal, se não fosse assim, ele não poderia se debruçar sobre a privada para ler as notícias todas as manhãs.

O que descaradamente falta ao sr. Valvim, assim como a muitas outras pessoas, é a compreensão do conceito de Seleção Natural. A evolução não funciona somente com o acaso; é o acaso selecionado. Além disso, a evolução só atua diretamente nas características que afetam a capacidade de sobreviver e se reproduzir. Por exemplo (as coisas não são bem assim, mas vou extrapolar para explicar), imaginem que alguém sofra uma mutação e nasça com quatro braços, todos completamente funcionais. Pois bem, talvez um par a mais de braços seja bem útil, mas não acredito que esse alguém faria sucesso entre as mulheres (o que, no final, acabaria ocasionando a falta de filhos do infeliz rapaz e eliminando a útil característica por seleção natural).

Quanto à idéia da evolução criando um grande calo no lugar das nádegas... pois bem, não entendo o raciocínio. Há alguma vantagem evolutiva de ter um grande calo no lugar das nádegas? Não consigo imaginar nenhuma. Talvez ele esteja confundindo Lamarckismo com Darwinismo (afinal, os pais vão se sentando sobre as nádegas, os filhos, os filhos dos filhos... para ele, o calejamento passa de pai para filho... seria isso?).

O sr. Valvim continua:

"Entretanto, a característica mais significativa e esclarecedora, da Criação ou Evolução, está na incontestável beleza e harmonia artística do conjunto humano. Observe a beleza e a harmonia do rosto com os cabelos, dos olhos com as sobrancelhas, das mãos com as unhas, das formas arredondadas de braços e pernas e suas perfeitas proporções."

Eu poderia fazer melhor, mas não resisto à tentação de citar uma historinha do Astronauta da Turma da Mônica. Em uma viagem interplanetária, ele conhece seres que se consideram tão feios que não conseguem sair do lugar escuro onde vivem. Depois de muita conversa, eles saem para a luz e observam que não são tão feios assim (mesmo com três olhos, verdes, com um número ímpar de braços, etc) - na verdade, passam a se achar bonitos. Mas quando olham para o Astronauta... argh, que criatura feia, terrível!

O sr. Valvim é simples, tão simples que não chega a cometer os erros que a maioria dos criacionistas cometem; ele se apóia em idéias ainda mais básicas e não percebe que se utiliza de um sem-número de dogmas para falar do que não entende. Mas, pensando bem, até que se debruçar sobre a privada não seria uma idéia tão ruim assim.

PS: A página também fornece uma ótima definição de "Espírito Santo" para os tempos de miguxês: "Fenômeno celeste de difícil definição, mas o seu efeito pode ser comparado a uma vacina espiritual que contém um programa “antivírus” e de comunicação “on-line”. Esta "vacina" protege os seres humanos contra vírus espirituais (“espíritos imundos”, parasitas que se hospedam na mente), e permite comunicação via, linguagem da fé, com o Criador."

Evolução... ou nem tanto


Hoje comecei a noite procurando sites sobre criacionismo; normalmente me divirto muito com a ignorância alheia. Mas estou tão perplexo com o que andei lendo que acabo duvidando um pouco da tão falada Teoria da Evolução. Afinal, como a espécie humana pode ser tão evolutivamente desenvolvida e, ao mesmo tempo, apresentar tantas aberrações?

Na internet existem milhões de FAQs sobre Evolução. Mesmo assim, os criacionistas e adeptos do design inteligente repetem as mesmas balelas sem medo nenhum de estarem falando besteira. Respeito as pessoas que têm uma visão de mundo diferente da minha, mas elas têm que entender que o que acreditam é religião, não ciência. Acredite no que quiser, mas não na minha aula de Biologia.

Pois bem; como repetição nunca é demais, vou fazer uma pequena série temática com baboseiras que andei lendo por aí (não só criacionistas; qualquer coisa vale). Acredito que assunto é o que não vai faltar.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Tradução, legenda e dublagem



Não gosto muito de falar mal de dublagem; pra mim, é ponto pacífico, algo como chutar cachorro morto. Os problemas, óbvios, são dois: falta de sintonia do som com a imagem e os achatamentos e conversões bizarras que os tradutores são obrigados a fazer para diminuir o primeiro problema.

Mas nem mesmo esses casos explicam algumas das anomalias que encontramos por aí. Estava vendo "Duro de Matar 2" dublado na Fox e liguei o closed caption pra deixar o som bem baixo e não acordar o nenê. Em uma das cenas em que o Bruce Willis se arrasta por um túnel de ventilação, a legenda mostrou:

- Fuck, what's happening here?

E na dublagem, ele disse:
- Hora de entrar em ação!

Não consigo entender o que quiseram fazer. Fico imaginando se os dubladores não gostaram do texto original e resolveram melhorar o diálogo: "Isso aqui está uma droga, vamos dar uma ajeitada."

Outro exemplo ótimo é um episódio do Futurama em que alguém estava no topo de um prédio pensando em se suicidar. No original, todos os personagens gritavam "não pula, não pula!" e o Bender, claro: "Pula logo!". Na dublagem, o Bender dizia: "Não pula!" assim como todos os outros. Uma piada a menos.

Nomes de filmes são um capítulo à parte. Já vi alguém tentando defender as mudanças nos nomes dos filmes dizendo que existem muitos títulos com nome parecido e eles evitam dar nomes iguais a filmes diferentes. Pois bem, não existe nenhum filme chamado "O bom, o mau e o feio" em português, mas "The good, the bad and the ugly" foi traduzido como "Três homens em conflito". "Mystic River" virou "Sobre meninos e lobos". E a genial tradução de "My girl" para "Meu primeiro amor" acabou gerando a aberração incrível chamada de "Meu primeiro amor 2".

Borges escreveu em um de seus muitos ensaios que reclamar da tradução por ela não ser fiel ao original é um contra-senso, já que o original também é uma tradução para uma linguagem humana da idéia que o autor teve para a obra. Dessa forma, qualquer obra seria uma tradução, e qualquer tradução seria uma obra em si mesma. E claro, há muito mais obras ruins do que boas, como em quase toda a produção humana.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Relembrando a adolescência


Faith No More, Rock in Rio 91 (We care a lot e Epic): http://www.youtube.com/watch?v=BclS5syB9Zg
O maior show do FNM até então. Muito legal... o Mike Patton parece meio perdido mas, mesmo assim, é muito bom

Faith No More fazendo cover de War pigs: http://www.youtube.com/watch?v=bRt1-Oobdzg
Grooooowl em 4:54. Dá medo

Black Sabbath, ao vivo em 1970 (Paranoid): http://www.youtube.com/watch?v=b89KG9zDpNU
Demora pra começar, mas é memorável

Nirvana, Tell me where did you sleep last night: http://www.youtube.com/watch?v=gsB9dWXADMo
My girl, my girl, don't lie to me, tell me where did you sleep last night....
Sem vídeo, só a música, mas a versão é ótima


Queen, Radio Gaga e Bohemian Rhapsody: http://www.youtube.com/watch?v=4FNoIDgNE6o
Goodbye, everybody, I've got to gooooooo

U2, Sunday Bloody Sunday: http://www.youtube.com/watch?v=dujuQ3wuZ9Y
Com direito a discurso. Mas gosto dessa música assim, cheia de ativismo: fuck the revolution!

Metallica, em 1991, Motorbreath e BreadFan: http://www.youtube.com/watch?v=fpg3T1RNGCs
Those people who tell you not to take chances
They are all missing on what life is about
You only live once so take hold of the chance
Don't end up like others the same song and dance

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O Segredo (que não é bem tão secreto assim)


Vivem dizendo que eu sou chato, que não dou chance a coisas novas, que não tenho a "mente aberta"; pois bem, ainda gosto da frase do Carl Sagan que diz que "Devemos sim ter a mente aberta, mas não a ponto de deixar o cérebro cair".

Há algum tempo atrás, ouvi falar e me interessei, de verdade, pelo tal "Segredo" de que tanto falavam. Afinal, se tantas pessoas estão falando disso, tantos livros, tantos filmes, tantos programas de TV, a coisa deve ser muito boa pra continuar assim, tão secreta. Foi rápida a decepção: logo me toquei de que tudo não passava da já batida "Lei da Atração" em uma roupagem new age para o novo século; pense positivo e tenha boas experiências, pense negativo e tenha más experiências.

Uma rápida pesquisa na web revela um livro de 1902, de James Allen, chamado "As a man thinketh", contendo o seguinte parágrafo (tradução livre): "A alma atrai aquilo que secretamente abriga, aquilo que ama, e também aquilo que teme. Ela alcança a altura de suas mais queridas aspirações. Ela cai ao nível de seus mais escondidos desejos - e os acontecimentos são os meios pelos quais a alma se encontra." Apesar de todo o blábláblá, a idéia está toda aí, desde 1902 - nada de sabedoria antiga, nada de secreto, mas também nada de novidade. Só um escritor de auto-ajuda inglês do começo do século passado. Rhonda Byrne, a autora, diz ter se inspirado em "A Ciência de ficar rico", de 1910 - mas desde então a idéia tem se repetido a cada livro de auto-ajuda, a cada "palestra motivacional", e qualquer leitor do gênero sabe disso (é claro, a maioria faz um duplipensar para se convencer do contrário). Mas não se engane: não é uma sabedoria trazida do passado para as nossas mentes ansiosas... é só a mesma lenga-lenga de sempre.

E quando algo se apresenta ao mundo com uma propriedade que definitivamente não possui, é provável que há mais alguma coisa de errado com a história: afinal, se "O Segredo" não tem nada de secreto, porque leva esse nome? O meu palpite: porque dá um tom a mais de misticismo para a história toda. Porque faz as pessoas pensarem que, praticando o tal "segredo", vão estar se unindo a uma confraria secreta com Newton, Buda, Aristóteles e Churchill (todos, segundo Rhonda, praticantes de suas idéias). Porque faz vender mais livros.

Mas até aí, nada de especial. Afinal, Rhonda definitivamente não é a primeira escritora de auto-ajuda que se apropria de personalidades do passado (que, coitadas, não podem se defender) para divulgar suas idéias. O que me irrita é que tanta gente agora leve isso a sério e puxe o assunto, esperando que eu não ria nem desacredite suas "teorias". Por não ser levado pela enxurrada de besteirol, eu sou o estranho, "o que não acredita nas evidências". Evidências? Só as anedóticas, claro: tal pessoa pratica o segredo e conseguiu um carro importado! Tal outra pessoa escreveu um livro sobre o segredo e ficou rica!

Mas isso, apesar de me irritar, ainda não é nada. O que pasma é que as pessoas levam tudo isso a sério e chamam isso de "Lei" sem se tocar de que se "O Segredo" fosse de fato uma Lei, no sentido científico da palavra, ele teria que valer sempre e em todos os casos. Para o bem ou para o mal.

Exemplifico, para descomplicar: cai o avião da TAM; morrem 200 pessoas. De quem é a culpa do ocorrido? Delas mesmas, que não tiveram a capacidade de imaginar um destino melhor. Epidemia de AIDS na África: culpa deles, que não se imaginam devidamente sãos como "O Segredo" ensina. Indonésios idiotas, porque estavam pensando coisas tão ruins sobre o mar antes do Tsunami?

Um amigo, que havia me falado mundos e fundos sobre O Segredo, teve um Ano Novo com acontecimentos terríveis. E eu não pude deixar de pensar: "E agora, será que ele pensa que tudo isso é por conta do que ele andou atraindo?" E será que praticar "O Segredo" na Inglaterra é diferente de praticar "O Segredo" na Etiópia? Caso não seja, acabem com os programas contra a fome da ONU: é só espalhar livros da Rhonda para os etíopes.

"O Segredo" fica fácil, doce e tentador quando pensamos em sonhos de classe média, carros, dinheiro, viagens. Mas e o resto do mundo? E a realidade, onde fica? Só uma pessoa ganha na loteria de cada vez; ganha quem desejar melhor?
Em tempos de fome, de AIDS, de guerras e desastres, ter educação e acreditar que apenas desejando podemos recriar a realidade é simplesmente egoísta e infantil. É o cúmulo do do-it-yourself: recrie o Universo a partir de seus pensamentos. É quase solipsismo, mas acho que nenhum praticante de "O Segredo" teria capacidade de imaginar alguém que saiba o que é solipsismo.

Isso tudo sem contar na pobre Física Quântica, que agora é usada para explicar qualquer coisa. Não sou físico, gosto de física, e o pouco que sei de Quântica está a milhas de qualquer "Segredo". Física Quântica não é esoterismo, me perdoem... é ciência, com fundamentos, métodos, falseabilidade. E não me venham com o Doutor PHd John Nobody, que não é com um mané fantasiado de físico que se faz ciência. É preciso, como acabei de dizer, método, critério, falseabilidade.

Mas, no final, todo mundo sabe que uma atitude boa diante da vida faz bem. E todo mundo sabe que depressão não faz bem pra ninguém. Agora, se não estão contentes só com isso, fatos extraordinários requerem evidências extraordinárias.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Top 3 Hate List de Ano Novo

1 - Lei da Atração e o Segredo;
3 - Gaúchos separatistas na Wikipedia;
2 - Pessoas que respondem uma pergunda de duas opções com "É!";

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A Privada Quântica


Teve a idéia como tantas outras em sua história de inventor: a imagem surgiu em sua mente e ele a perseguiu, com afinco terrível, até que sua vida se tornou uma sombra em torno do inconcebível equipamento. Se alterou sua idéia original, hoje não se sabe; mas parece improvável que o resultado final tenha sido muito diferente do que um dia sonhou.

Não era, de forma alguma, um cientista: seus inventos derivavam de um senso prático apurado e de um talento natural para a mecânica. E, sem saber bem o que estava fazendo e nem se apoiar em nenhuma teoria, criou um portal dimensional, uma anormalidade física que não poderia ser explicada por nenhum estudioso da atualidade. A idéia de utilização era simples: bastava jogar qualquer coisa pelo portal para nunca mais vê-la em nosso plano de existência, sem resíduos, sem gastos, sem poluição, sem sujeira.

Por absoluta falta de senso de marketing, ou por pura fidelidade ao projeto original, manteve a estética e o nome que arrasaram o projeto: o portal tinha a forma de um vaso sanitário e foi chamado de “Privada Quântica”. Não que houvesse nada de realmente quântico em todo o experimento... Se havia, era de total desconhecimento do criador. Ele só achava que a palavra, científica em sua essência, daria um pouco de nobreza à expressão (já manchada pela cotidianidade e grosseria do vaso).

Levou seu invento a todo industrial e a todo detentor de capital que conseguiu encontrar, mas não obteve nem uma sombra de sucesso. Por inumeráveis horas, ensaiava e discursava sobre os incontáveis benefícios de sua invenção: o eficientíssimo desaparecimento de qualquer resíduo ou excremento, a maravilhosa possibilidade de eliminar o problema do lixo tóxico e hospitalar – ou até mesmo o lixo comum, com a construção de um protótipo de grandes proporções.

Mas ninguém lhe dava ouvidos. A simples menção do nome do produto provocava risadas histéricas e tudo o que vinha depois, mesmo corroborado por demonstrações práticas e explicações precisas e indubitáveis, virava apenas motivo para piadas de mau gosto - ainda mais quando se referia ao protótipo de grandes proporções. "Hahahaha! E vai ter também um rolo gigantesco de papel higiênico atômico?", diziam os nefastos expectadores.

Depois de não muito tempo, desistiu de sua empreitada como inventor famoso mundialmente, e passou a ficar horas na frente de sua televisão e utilizando uma de suas Privadas Quânticas como um eliminador de papéis e copos plásticos. Até que, ao puxar a descarga como havia feito tantas vezes antes, percebeu que o portal havia se entupido e estava regurgitando o lixo que antes fora despejado em seu interior. E então se deu conta de que as coisas nunca vão para lugar nenhum e que, em algum universo paralelo, alguma raça de seres (estranhos ou não) estaria sofrendo com o lixo despejado por ele. E agora, enquanto ele se abismava com essas constatações, eles estavam vagarosamente preparando uma vingança.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A Fragata Surprise

Nunca imaginei Jack Aubrey como um homem casado; no entanto, boa parte da história de "A Fragata Surprise" gira em torno da ansiedade do comandante em torno de seu possível casamento com Sophia (aliás, o nome Sophia remete ao primeiro navio capitaneado por Jack, o Sophie. Com certeza isso não é meramente casual... mas terei que reler o primeiro livro para descobrir relações entre o navio e a pretendente de casamento).

Terminei o livro ontem; belíssima a forma com que o autor, Patrick O'Brian, descreve os detalhes, problemas e perigos da vida no mar, desde o escorbuto até encrencas com rivais em terra. Na verdade, a vida em terra entedia; assim como Jack, sou impelido a correr pelas páginas até poder voltar pro mar, em busca de alguma tempestade, de alguma batalha ou de alguma presa. O mar é o meio e o fim; Jack não toma um barco pelo dinheiro ou pela fama, mas sim pelo prazer de fazê-lo; ou melhor, porque nasceu para fazer isso. Não se pode imaginar Jack Aubrey longe do mar ou longe da guerra, assim como não se pode imaginar Madre Tereza longe dos pobres (porque, se não houvesse pobres e doentes, Madre Tereza não seria Madre Tereza... seria uma freira qualquer, ou qualquer outra coisa). E, da mesma forma, Maturin nasceu para operar, dissecar e classificar; não se pode imaginá-lo sendo outra coisa fora um cirurgião/naturalista. Eles nasceram exatamente na época certa e no lugar certo. E, apesar disso, são assustadoramente reais, falíveis, humanos.

Mal posso esperar para colocar as mãos no próximo livro.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Lovecraft

Recentemente, mexendo na internet, me deparei com um autor de quem já tinha ouvido falar algumas vezes, mas que nunca tinha lido: H.P. Lovecraft, muito bom em histórias de suspense e terror.
Ontem, comecei a ler um de seus livros, chamado "A Tumba E outras histórias". No segundo conto, é citado um livro chamado Necronomicon, que, pelo que se entende na história, é capaz de invocar demônios antigos e etc.

Pois bem, hoje fui fazer uma pesquisa rápida sobre o tal Necronomicon, e procurando no google, entre muitas outras respostas, apareceram duas que interessaram: A primeira, da Wikipedia, em que a autoria do Necronomicon é creditada ao próprio Lovecraft (inclusive com a palavra do próprio). A segunda, um site de ocultismo citando o livro de Lovecraft como se fosse real.

Prffffff....