domingo, 30 de março de 2008

Involução Parte 3 - 2012

Todos os anos, passamos batidos por um sem-número de previsões cataclísmicas. Só para demonstrar como funciona, temos aqui previsões do fim do mundo para 2007, 2006 (nesse caso, é uma lista de 15 previsões) e 2005 (mais 5 previsões).

Mas todos sabemos que o número de profetas aumenta no caso de números redondos ou, de alguma forma, mais chamativos do que os outros: aconteceu em 2000, 2001 e agora, estão falando de 2012.

E porque 2012? Porque o calendário maia ia apenas até 2012. Aí, junto com isso, chegam todas aquelas informações importantíssimas sobre a III Guerra Mundial, profecias de Nostradamus, mudanças nos pólos magnéticos do Sol, códigos escondidos na Bíblia, etc.

Bom, quanto ao fim do calendário maia, alguns dos próprios crédulos acreditam que o mundo devia ter acabado por volta do ano 2000. Aliás, o fato do fim de um calendário estar no fim não implica que o mundo irá acabar. O tal papa Gregório XIII sumiu com os dias de 5 a 14 de outubro de 1582, pondo fim ao calendário Juliano. Houve protestos e comoção nas ruas: afinal, nem mesmo o papa teria direito de roubar 10 dias da vida das pessoas.

A impressão que eu tenho, lendo os sites de "Nova Era" espalhados por aí, é que as pessoas (de alguma forma que eu ainda não consegui entender) relacionam civilizações antigas com sabedoria e conhecimento, e a nossa civilização com tecnicismo e barbárie. Vejam bem, não estou aqui dizendo que o mundo é um lugar bonito, que não temos problemas, que não temos guerra, barbárie e fome: estou dizendo que as coisas, nessas civilizações antigas, também não eram muito melhores.

Astecas praticavam sacrifícios humanos a rodo. Os monumentos egípcios eram resultado do trabalho escravo de uma infinidade de pessoas para honrar a morte de apenas uma. Os maias tinham uma classe privilegiadíssima que vivia dos impostos da grande massa dos menos favorecidos. As três civilizações eram teocráticas. E se os maias fossem realmente bons em prever o fim do mundo, o final de seu calendário seria por volta de 1500, tendo como protagonista um espanhol.

Hoje temos apenas mais tecnologia. Ganhamos mais expectativa de vida (que, apesar de tanta pretensa sabedoria das civilizações antigas, era baixíssima) e junto com ela a possibilidade de destruirmos o planeta. Até agora estamos passando no teste (por pouco, é verdade) mas me pergunto se algum líder religioso na mesma situação já não teria apertado o botão vermelho.

PS: se eu fosse fazer uma previsão para o fim do mundo, ia escolher pelo menos um número primo. Algo como 2003 ou 2017.

PS 2: falam da inversão dos pólos magnéticos do Sol. Pois bem, os pólos se inverteram em 2001 e ninguém se lembra do ocorrido. Aliás, os pólos do Sol se invertem a cada 11 anos.

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