terça-feira, 26 de maio de 2009

Piracy is stealing

Hoje, em um momento de ironia irresistível, um grupo canadense para discussões sobre economia digital foi pego copiando um documento americano sobre Copyright. E, no mesmo dia, um CEO da Sony disse que "a internet precisa de guardrails".

Há algum tempo, quando publicavam-se notícias sobre propriedade intelectual no SlashDot, eu gostava muito de discutir o assunto. Agora, só assisto os 'guardiões de conteúdo' (leia-se 'estúdios e editoras') caírem atirando em quem puderem. É uma guerra perdida. As grandes companhias podem ganhar um ou outro julgamento, fecharem um ou outro site, mas é um caminho sem volta.

O tal Michael Lynton, da Sony, já disse uma vez que ele não vê nada de bom na internet. Agora, ele defende seu antigo ponto de vista dizendo que a internet só trouxe coisas ruins a todos que produzem conteúdo intelectual (atores, artistas, escritores, cantores) porque as pessoas tem acesso a tudo isso sem pagar por nada. E continua:

How many people will be as motivated to write a book or a song, or make a movie if they know it is going to be immediately stolen from them and offered to the world with no compensation whatsoever? And how many people whose work is connected with those creative industries -- the carpenters, drivers, food service workers, and thousands of others -- will lose their jobs as piracy robs their business of resources?


Tradução tosca: "Quantas pessoas vão estar motivadas a escrever um livro ou uma música, ou fazer um filme, se souberem que o que fizerem vai ser imediatamente roubado deles e oferecido ao mundo sem nenhuma compensação? E quantas pessoas cujo trabalho é ligado a essas indústrias criativas - os carpinteiros, motoristas, pessoas que trabalham com comida e milhares de outros - vão perder seus empregos conforme a pirataria rouba recursos de seu negócio?"

Fico pensando se quando o Ian McEwan escreveu 'Atonement' ficou pensando em quanto ia receber de volta. Ou se quando Renato Teixeira escreveu 'Romaria' estava pensando lá na conta bancária, no carro que queria comprar. Dá até pra ir mais longe e imaginar o Leonardo da Vinci colocando uma catraca na entrada da Capela Sistina. Que negócio é esse de entrar quem quiser, olhar quem quiser? Que absurdo. Comunismo!
E penso em quantas bandas só ficam conhecidas porque a internet existe e espalha notícias e impressões tão rápido. E em como é bom ir a um show, mesmo caro, de um artista de quem você gosta. E que também nada (ainda) substitui o prazer de ler um livro no papel, e de ver um filme no cinema. E que hoje você tem acesso a arte de qualquer lugar do mundo, e que eu tive oportunidade de comprar facilmente um livro open source, mesmo podendo baixá-lo legalmente com um clique.

E penso também que me ensinaram que roubar era tirar algo de alguém, um conceito que não se encaixa quando você está simplesmente fazendo uma cópia. E a justiça americana concorda comigo nesse ponto, não sou só eu quem está dizendo. E pior - uma cópia onde a pessoa que oferece o tal conteúdo não ganha absolutamente nada. Ninguém no Pirate Bay ficou rico. Nem vai ficar.

Mas é muito mais fácil ignorar tudo isso, e afirmar que na internet só existe roubo. Talvez por ver desse jeito é que os estúdios estejam tão mal.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Dreams

- Essa noite sonhei que o Palmeiras ganhou o campeonato brasileiro.

- Ah, legal. Eu sonhei que eu estava viajando e que de repente estava de novo em casa. Estranho, não?

- Hm. Eu sonhei que estava visitando uma casa escura onde devia conversar com pessoas que se comportavam de um jeito esquisitíssimo. Kafkiano, praticamente. E eu tinha medo delas, mas elas estavam felizes com o meu comportamento e iam me dar um prêmio por reconhecimento. Era algo como o fim do 'Senhor dos Anéis', mas eu tinha feito algo errado no trabalho e tinha medo de me pegarem. Sexta saí do trabalho preocupado, maldita culpa católica. E aí eu estava saindo daquele lugar, mas comecei a me sentir profundamente mal e vi que alguém estava assistindo TV, e essa pessoa era alguém importante, mas eu não sabia quem era. E ela estava vendo um campeonato de xadrez pela televisão, e estava feliz porque o filho estava participando. E eu vi que o filho era eu, e que eu não conseguia mais jogar por não estar aguentando de tanto sono e que ia perder. E o cara que estava me vendo chamava o rapaz na televisão de filho, e eu não o conhecia, e eu era e não era o jogador de xadrez, tudo ao mesmo tempo. Acho que acabou assim.

- ....... er... alguém viu o jogo ontem?