quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

RPG

Eu joguei bastante RPG quando era mais novo - AD&D, GURPS, Cyberpunk 2020. Ainda tenho vontade de jogar de vez em quando, mas não é mais a mesma coisa.

Pra fazer um personagem de RPG, você tem uma quantidade de pontos X para distribuir entre atributos, vantagens e habilidades. Você também pode ter desvantagens e ganhar alguns pontos a mais para gastar (em atributos, vantagens e habilidades). Por exemplo, eu posso fazer um personagem extremamente inteligente, mas aí não vou ter pontos pra gastar em força.

Aí isso deixou umas marcas, traumas, não sei. O caso é que sempre que vejo alguém muito inteligente, penso 'ah, esse cara deve ter alguma desvantagem ferrada, deve ser pedófilo, não sei.'. Ou então quando aparece a modelo extremamente bonita, aí vem a idéia de 'só pode ser burra'. Como se houvesse uma grande lei de balanceamento: se você quer se destacar muito nisso, vai ter que deixar aquilo de lado.

Mas de um tempo pra cá, notei que aparentemente a minha lei universal não estava funcionando muito bem. Havia, sim, pessoas bonitas, inteligentes, ricas, etc, tudo ao mesmo tempo, um abuso, uma falta de noção. Aí agora eu penso que existem habilidades que ainda não foram descobertas... algo como 'habilidade para pilotar Deloreans em viagens no tempo', ou 'perícia como ascensorista de elevador espacial'. E essas pessoas com certeza não terão grandes habilidades para fazer essas coisas que ainda não existem.

Não que isso sirva de consolo.

Carmen Kass, supermodelo e presidente da associação estoniana de xadrez


Mira Sorvino, atriz graduada "Magna Cum Laude" (com grande orgulho) por Harvard

Não tem jeito. Em algumas situações, você tem que reconhecer que estava errado.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Ensaio sobre a visão

Ontem assistimos "Ensaio sobre a cegueira", filme do Fernando Meirelles baseado no livro do Saramago. O filme, apesar de obviamente não reproduzir toda a experiência que é ler o livro, é espetacular.

De alguma forma, ler o livro (ou assistir ao filme) nos leva a um processo análogo ao que se passa na história. O leitor é levado a ter uma visão diferente do mundo mas, assim como a visão dos personagens da história se transforma em um mar de leite branco, a impressão deixada pelo livro se esvai em uma névoa branca quando a história termina (assim como a de qualquer outro livro). Ficou alguma coisa, sempre fica; mas a sensação vívida de...

1) ter algo muito importante ao que não se dá o devido valor e...

2) saber (no sentido mais profundo de saber, conhecer profundamente) a verdade de que estamos a um passo da total ausência do que chamamos de 'humanidade'

...se perde. Ficam só alguns restos, a lembrança da sensação.

Os livros não são como carimbos perfeitos que deixam sua marca na nossa personalidade; são mais como uma impressão silk-screen cheia de falhas, onde um lugar fica cheio de tinta, outro vazio. Algumas pessoas não pegam nada de história nenhuma; outras se encharcam e perdem tudo logo depois. Alguns livros também se imprimem melhor, outros não tem estampa nenhuma (mas podem muito bem ser divertidos à sua maneira).

Mas eu ainda não consigo como alguém pode considerar "O código Da Vinci" como leitura profunda. Não dá.

Nota: estou vendo no imdb os americanos malhando o filme. Vai entender esse povo.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Astronomia no Ubuntu

Há uma série de programas interessantes para quem gosta de Astronomia e usa o Ubuntu.

Para começar, o Stellarium, que está com a versão 0.9 nos repositórios oficiais. O programa é muito bonito, simula o céu de acordo com as suas coordenadas geográficas. Para instalar, é só usar:

sudo apt-get install stellarium

Infelizmente, a versão dos repositórios não é a 0.10.0, que tem uma interface muito melhor. Tentei instalá-la na versão Hardy do Ubuntu, mas não foi possível por causa das dependências do QT4 (o Stellarium precisa da versão 4.4.3 do QT e o Hardy só tem a versão 4.4.1). Depois, atualizado o Ubuntu para a versão 8.10 (também conhecida como Intrepid Ibex), consegui compilar o Stellarium 0.10 a partir do código fonte disponível no site. É preciso conferir todas as dependências. No Ubuntu é só executar...

sudo apt-get install build-essential libfreetype6-dev cmake libpng12-dev zlib1g-dev libglu1-mesa-dev libgl1-mesa-dev gcc g++ gettext libboost-dev libboost-thread-dev libjpeg-dev libboost-filesystem-dev subversion libqt4-dev graphviz doxygen qt4-designer


...e depois compilar e instalar de acordo com o site.

O resultado não foi dos melhores... o software funciona, mas os textos ficam todos embaralhados. Vejam o screenshot:




Ainda assim, dá pra usar para se localizar. Outro programa interessante é o KStars, muito útil para imprimir mapas celestes:



Para instalar, é só executar:

sudo apt-get install kstars

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

The amazing Criswell



Se eu fosse um vidente, seria alguém como Criswell, não esses pé rapados como a 'Mãe Diná'. Vidente pobre, ela.

Criswell disse, entre outras coisas, que:

- em dezembro de 1980, haveria um surto de canibalismo em Pittsburgh causado por um vazamento de gás;

- em 1987, haveria um holocausto atômico;

- em 1999, haveria mais de 200 colônias terrestres espalhadas pelo espaço.

Em geral, falta aos videntes um pouco de personalidade. Eles sempre apostam em coisas em que há alta probabilidade de ocorrência - desastres aéreos, terremotos em regiões com grande atividade sísmica, furacões, essas coisas do dia-a-dia. Caramba, todo dia se vê algo assim no jornal, ninguém mais quer saber disso. O pior é que erram a maioria e, quando finalmente acertam, o benefício é pequeno. É como ir para as corridas de cavalo e apostar sempre no favorito... você vai perder quase sempre e, quando finalmente ganhar, o benefício não vai compensar por muito tempo.

No lugar deles, eu faria previsões absolutamente selvagens, sem chance praticamente nenhuma de acontecerem. Sei lá... algo como um índio gay ex-integrante do Village People ser eleito presidente como sucessor do Obama. Ou uma invasão de alienígenas que sequestrassem todos os advogados tributaristas. Se a chance de acertar é pequena, pelo menos a minha notoriedade aumentaria muito.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

The Asimov Chronicles


- Acabei de concluir uma coisa.

- O que você concluiu?

- Que a sociedade pós-industrial está fadada a se autodestruir se não conseguirmos colocar robôs pra trabalhar no lugar dos humanos logo.

- Ah, não. Agora não. São 2 da manhã, estamos bêbados, tá o maior som, você não vai me falar disso agora.

- Mas é verdade! As pessoas costumam achar que os robôs vão destruir tudo e matar a gente, mas é indispensável que eles comecem logo a fazer o nosso trabalho.

- E o que te levou a concluir isso?

- Eu estava no banheiro e... putz, você já notou que todo mundo para de dançar quando entra no banheiro masculino? Será que no feminino elas continuam dançando? Eu sempre volto a dançar assim que saio do banheiro. Enfim, aí eu estava lá no banheiro e tinha um tiozinho que ficava olhando se as pessoas não estavam urinando no chão ou jogando papel higiênico uns nos outros. E ele estava lá meio acordado meio dormindo, aquele cheiro horrível, e eu pensei, coitado do cara, que droga de trabalho, um robô poderia fazer isso muito bem.

- Mas até uma câmera poderia fazer esse trabalho.

- Sim, mas o fato de ter uma câmera não impede os bêbados de atirarem papel higiênico uns nos outros. Quer dizer, talvez funcione em alguns casos, mas ela não tem braços para segurar as pessoas nos casos mais graves.

- E quanto ao trabalho do cara? Se ele não for fazer isso, o que vai fazer?

- Nada. Precisamos de robôs para todas as atividades humanas.

- Até as artísticas? Sei lá, pintura, música, literatura?

- E por que não? Se inventarem algum software que escreva melhor do que Shakespeare, por que não deixar? Por que evitar que Mozart e Beethoven sejam superados? E mais... talvez as coisas cheguem a um ponto em que os humanos nem consigam compreender a grandiosidade das criações dos robôs e apenas outros robôs consigam apreciar suas obras.

- E nós vamos fazer o que? O que os humanos vão fazer da vida?

- Hm...

- ...?

- ... jogar videogame?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Sem mais palavras

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Renascer

Meio fora de hora falar de uma aula para crianças publicada no site da igreja Renascer, nesse endereço: http://www.igospel.com.br/2005/igrejavirtual/ministerios/kids/kids_junho.doc.
"Objetivo: Mostrar para as crianças que Deus cuida das nossas vidas e nos protege"

"Numa folha de papel, pinte com tinta e pincel o seu nome. Explique que o nome representa você. Depois pegue uma esponja molhada e diga que é o perigo que pode a qualquer momento nos prejudicar (enfermidade, violência, algum acidente). Pegue a esponja, molhe e passe em cima do nome para que borre. Depois, em outra folha, pinte o seu nome, mas cubra bem com durex. Então passe a esponja molhada e mostre que o nome não foi apagado porque está protegido. Assim como o durex está protegendo o nome, Deus protege as nossas vidas. Ás vezes (sic) nem vemos, mas Ele está nos guardando."


Parece que o durex do teto da igreja não funcionou muito bem.

Update: parece que realmente o pessoal da Renascer vê o teto caindo como desígno divino. Hohoho. E a falta de manutenção do teto também foi designo divino? "Deus pediu pra eu não reformar nada".

sábado, 17 de janeiro de 2009

Sagan


“That's here. That's home. That's us. On it everyone you love, everyone you know, everyone you ever heard of, every human being who ever was, lived out their lives. The aggregate of our joy and suffering, thousands of confident religions, ideologies, and economic doctrines, every hunter and forager, every hero and coward, every creator and destroyer of civilization, every king and peasant, every young couple in love, every mother and father, hopeful child, inventor and explorer, every teacher of morals, every corrupt politician, every 'superstar,' every 'supreme leader,' every saint and sinner in the history of our species lived there - on a mote of dust suspended in a sunbeam.”

***

Instalem o Stellarium.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Adaptação


Às vezes me sinto um pouco como John Laroche, o personagem totalmente maluco interpretado pelo Chris Cooper em "Adaptação". John era maníaco por tartarugas. Depois, largou as tartarugas e foi para os fósseis. Tinha a maior coleção de fósseis do mundo, sabia de tudo. Mas se livrou deles. Aí, então, peixes tropicais: tinha sessenta aquários em casa, até que, um dia.... "Fuck fish. Done with fish.". Depois disso, orquídeas, em torno das quais gira o filme.

***

Jogos de computador, Wikipedia, python, xadrez, programação de jogos de xadrez, Slashdot, Wii, e agora astronomia.

***

Quem souber de um bom binóculo 10x50 baratinho me avise.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Tudo tem seu preço

- ...e aí acabamos não batizando o meu filho. Mas acho que se você for pra igreja, mesmo não sendo casado eles batizam.

- Você que pensa! Minha irmã engravidou sem casar e padre nenhum quis batizar. Até levou o pai da criança lá, fariam cursinho e tudo, mas padre nenhum batizava.

- E o que vocês fizeram?

- Demos um dinheiro por fora pra um padre lá.

- Er...?? Vocês subornaram o padre pra ele batizar o seu sobrinho?

- Sim, e o pior é que não foi pouco não. Mas a cerimônia foi muito bonita.

- Ah, sim. Pelo menos isso.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Blogs, blags, blergh

Achei o máximo a notícia de que a Coca-cola deu geladeirinhas para blogueiros (é, notícia velha, eu sei). Fiquei pensando na Microsoft ter mandado notebooks pros donos de blogs de tecnologia americanos fazerem reviews do Windows Vista. Um cara vendeu o notebook e deu o dinheiro pra Electronic Frontier Foundation.

O que o Doctorow faria com uma geladeirinha da Coca-cola?

Tenho a impressão de que os blogs brasileiros estão longe de ter a atitude sarcástica que se esperaria deles (ou que, pelo menos, eu esperaria). Blogs e blogueiros são 'livres' por definição. Não se sujeitam a conselhos editoriais, diretores de redação ou revisores gramaticais. Por isso mesmo, não faz sentido exigir que um blogueiro tenha a ética ou o comportamento que se espera de um jornalista (hm... pensando bem... ética?). Agora, outra coisa é ter toda essa 'liberdade' e não fazer nada com ela.

Eu pelo menos pensaria em algo engraçado pra fazer com a geladeirinha. Sei lá - tirar fotos dela com produtos Pepsi dentro, depois publicar. Ou filmar a queda da geladeira do vigésimo nono andar. Ou desmontar e verificar a procedência dos componentes (provavelmente chineses). Qualquer coisa.

Mas o que foi feito, infelizmente, foi só uma defesa super exagerada do direito de fazer o que quiser com presentinhos das grandes e malignas corporações. Super sem graça.