domingo, 9 de outubro de 2016

Marília


Tendo me mudado pra Marília ontem, achei que era uma boa hora pra ressuscitar esse espaço. Quem sabe não retomo alguma regularidade? Veremos.

- Marília me lembra muito de São Carlos, no tamanho e nos espaços em branco no meio da cidade. Marília tem vales difíceis de popular, além de uma linha de trem inconveniente que corta a cidade em duas. São Carlos tem (ou tinha) buracos não populados em áreas bem valorizadas da cidade, por conta de disputas judiciais e especulação imobiliária. Os cinemas das duas são ruins, mas acho que o de S. Carlos, back in the day, era pior.

- A primeira imagem que me vem à cabeça quando penso em S. Carlos é a Praça da XV, um dos centros culturais da cidade. Pra Marília a imagem é essa da foto, a cidade atrás da curva, sinal de que estava chegando (invariavelmente atrasado) para trabalhar. É uma imagem de movimento, de passagem, que espero mudar em breve. De qualquer forma, a sensação de avistar os prédios na colina sempre foi muito boa.

- As pessoas até agora foram muito educadas em todas as conversas, mas sinto que falta uma gentileza genérica para situações onde a generosidade não tem rosto, quando você não está vendo com quem está sendo educado. Um certo espírito vingativo no trânsito, do tipo "você me ultrapassou, então não vou te deixar entrar na minha faixa". As bandejas sujas nas mesas do shopping, poucas pessoas se dignando a levá-las até o lixo (deve ser um sacrifício extremo). E aqui em Marília também temos um fenômeno de senciência bizarro que nunca vi em cidades ligeiramente maiores: as mesas no horário de pico são ocupadas por molhos de chaves, óculos, blusas e bolsas, que aparentemente também precisam se alimentar.

- Eu diria que falta um pouco de capitalismo aos marilienses; cobrar estacionamento no shopping provavelmente resolveria o problema. Mas essas seria uma solução preguiçosa.

- Marilienses gostam muito de Amaroks (a caminhonete tão grande que mais parece um caminhão, ali na vaga do supermercado pra levar a esposa e o filhinho pra comprar pão). E cebolinha. Cebolinha no sushi, cebolinha na pizza de calabresa, cebolinha no temaki, cebolinha cebolinha cebolinha.

Apesar de toda a implicância, gostei da cidade. E me sinto quase obrigado a gostar, depois de ser recebido tão bem, saindo de uma fase tão ruim. Valeu Marília, tomara que nos entendamos por um bom tempo.

Um comentário:

Clarice Concê disse...

As mesas no horário de almoço em Brasília são ocupadas por crachás. Eu sempre disse que Brasília é uma grande cidade pequena. :D