Normalmente vou contra a idéia muito difundida de que, no fundo de nossas almas, temos conhecimentos (inconscientes) que ainda não foram explorados - e que estão ali apenas esperando para serem descobertos. Também não acredito que, apenas desejando, se consiga qualquer coisa. Aliás, isso merece um post à parte, mas não é o assunto em questão.
O caso é que hoje eu percebi que com um pouco de esforço consigo realizar tarefas de rotina que sempre me deixaram completamente estabanado. Não é que me sinta envergonhado... me sinto atarantado, essa é a palavra. Ir pro supermercado, comprar tintas, agendar viagens no trabalho, ligar pra clientes, etc etc etc. Continuo sendo muito melhor improvisador com computadores do que com pessoas, mas mesmo ando conseguindo me sair relativamente bem em várias dessas tarefas de rotina.
Pode parecer ridículo, mas o medo me acompanha desde a infância. Eu me lembro claramente de que tinha uma vergonha absurda de entrar em um estabelecimento qualquer e comprar alguma coisa. Imaginava que o padeiro ia pensar: "Que moleque ridículo, veio aqui comprar pão!", como se todos os vendedores do mundo estivessem apenas fingindo vender coisas, mas que no fundo, o que queriam era tirar com a minha cara, e iriam começar a rir assim que eu saísse da loja. Ainda mais se fosse algum produto pouco procurado: "Que menino idiota, vai comprar a bomba de chocolate que está no balcão há 3 meses!". E o mais inusitado é que esse receio persiste até hoje em algumas situações... quando, por exemplo, percebo que a vendedora está sendo paquerada por um rapaz que está ali, fico com medo de incomodar e normalmente vou embora sem comprar nada.
O que faz diferença é a necessidade. Quando não há escolha, não há fobia idiota que aguente. E nem precisei visitar um psicólogo.
"Eu vou pagar a conta do analista... pra nunca mais ter que saber quem eu sou, é, saber quem eu sou"
Matinê
Há 7 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário