Alguns livros que mais marcam não são os melhores que lemos. De vez em quando aparece algum que pega de jeito, deixando a gente preso mentalmente no texto, dançando entre suas ideias, fascinado com sua forma. Foi assim comigo com "O pintassilgo", com certeza não o melhor livro que li, mas um dos que mais me gerou lembranças. Também estão na lista "A Assustadora História da Maldade" (que me rende anedotas até hoje) e uma biografia de Ivã, O terrível.
Comecei a ler há algumas semanas "A Quinta Estação", de N. K. Jemisin, escritora americana ganhadora do prêmio Hugo de ficção com este livro. Como é de praxe, a trata-se do primeiro volume de uma trilogia já concluída. Mesmo não sendo perfeito, a história me fascinou totalmente.
"A Quinta Estação" conta a história de Quietude, um mundo onde abalos sísmicos acontecem todos os dias e algumas pessoas (brutalmente odiadas) têm poder de realizar e anular esses terremotos, fissuras e até vulcões. Chamam a atenção fortes protagonistas femininas e as ideias estranhíssimas, compondo um mundo realmente diferente do nosso.
Apesar da dificuldade de passar pelos primeiros capítulos, recomendo muito.
"Winter, Spring, Summer, Fall; Death is the fifth, and master of all"
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Estou também encantado com "Altered Carbon", série de ficção científica da Netflix. Fantasia cyberpunk e faroestes são meus gêneros preferidos atualmente, e não sei dizer o quanto da minha paixão pela série vem desse amor. Mas ver a morte retratada como o definitivo nivelador social me encantou (se não há morte, como Hamlet faria o monólogo com a caveira de Yorick? - "Ser, ser para sempre.", e as questões humanas desaparecem sob o tapete.)
Um comentário:
Pensa no Saramago, "As intermitências da morte". Niveladora, necessária até. Domesticadora, balizadora cultural e moral.
Preciso começar logo o livro e a série.
"Quietude", local sofrendo abalos. Simbólico. Será que somos cada um Quietudes diferentes? :)
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