segunda-feira, 31 de março de 2008

Backyardigans vs Bukowski


Se os Backyardigans fossem criados por Bukowski...

...Tyrone seria um jogador de futebol que pega todas as garotas mas que no fundo é um escroto. Ele usaria os chifres para espancar os colegas que, de alguma forma, não fossem "ajustados". Tyrone só temeria a Pablo.

...Uniqua seria uma garota perseguida e profundamente traumatizada por causa de manchas de nascença na pele. Ela seria discriminada e maltratada frequentemente em vários episódios. Sentindo-se extremamente deslocada entre os colegas, ela se tornaria agressiva e injusta.

...Austin seria um personagem com a sexualidade mal resolvida, sempre indeciso e procrastinador. Ele juntaria sua opinião à da maioria, de forma a tentar se esconder atrás da turba - mesmo quando sua consciência afirmasse o contrário.

...Tasha seria a mulher atraente e dominadora, a fêmea alfa em um mundo (segundo ela) formado por estúpidos de toda espécie. Ela seria desejada por todos os personagens masculinos (até mesmo Austin), e usaria o sexo para conseguir o que queria, descartando aquele que não fosse mais necessário. Seria a rainha do baile de formatura, ao lado de Tyrone.

...Pablo seria rejeitado e violento, produto de uma infância terrível. O jardim dos fundos, para ele, seria uma forma de estar longe dos pais drogados. Ele se tornaria o ídolo de Uniqua depois de esmurrar Tyrone diante de todos, mas mesmo assim a desprezaria como todos os demais.

domingo, 30 de março de 2008

Involução Parte 3 - 2012

Todos os anos, passamos batidos por um sem-número de previsões cataclísmicas. Só para demonstrar como funciona, temos aqui previsões do fim do mundo para 2007, 2006 (nesse caso, é uma lista de 15 previsões) e 2005 (mais 5 previsões).

Mas todos sabemos que o número de profetas aumenta no caso de números redondos ou, de alguma forma, mais chamativos do que os outros: aconteceu em 2000, 2001 e agora, estão falando de 2012.

E porque 2012? Porque o calendário maia ia apenas até 2012. Aí, junto com isso, chegam todas aquelas informações importantíssimas sobre a III Guerra Mundial, profecias de Nostradamus, mudanças nos pólos magnéticos do Sol, códigos escondidos na Bíblia, etc.

Bom, quanto ao fim do calendário maia, alguns dos próprios crédulos acreditam que o mundo devia ter acabado por volta do ano 2000. Aliás, o fato do fim de um calendário estar no fim não implica que o mundo irá acabar. O tal papa Gregório XIII sumiu com os dias de 5 a 14 de outubro de 1582, pondo fim ao calendário Juliano. Houve protestos e comoção nas ruas: afinal, nem mesmo o papa teria direito de roubar 10 dias da vida das pessoas.

A impressão que eu tenho, lendo os sites de "Nova Era" espalhados por aí, é que as pessoas (de alguma forma que eu ainda não consegui entender) relacionam civilizações antigas com sabedoria e conhecimento, e a nossa civilização com tecnicismo e barbárie. Vejam bem, não estou aqui dizendo que o mundo é um lugar bonito, que não temos problemas, que não temos guerra, barbárie e fome: estou dizendo que as coisas, nessas civilizações antigas, também não eram muito melhores.

Astecas praticavam sacrifícios humanos a rodo. Os monumentos egípcios eram resultado do trabalho escravo de uma infinidade de pessoas para honrar a morte de apenas uma. Os maias tinham uma classe privilegiadíssima que vivia dos impostos da grande massa dos menos favorecidos. As três civilizações eram teocráticas. E se os maias fossem realmente bons em prever o fim do mundo, o final de seu calendário seria por volta de 1500, tendo como protagonista um espanhol.

Hoje temos apenas mais tecnologia. Ganhamos mais expectativa de vida (que, apesar de tanta pretensa sabedoria das civilizações antigas, era baixíssima) e junto com ela a possibilidade de destruirmos o planeta. Até agora estamos passando no teste (por pouco, é verdade) mas me pergunto se algum líder religioso na mesma situação já não teria apertado o botão vermelho.

PS: se eu fosse fazer uma previsão para o fim do mundo, ia escolher pelo menos um número primo. Algo como 2003 ou 2017.

PS 2: falam da inversão dos pólos magnéticos do Sol. Pois bem, os pólos se inverteram em 2001 e ninguém se lembra do ocorrido. Aliás, os pólos do Sol se invertem a cada 11 anos.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Visita a São Paulo

Visitei São Paulo durante essa semana. Para melhor demonstrar a situação, criei um gráfico de Afabilidade com a cidade x Eventos. Melhor visualizável clicando na imagem.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Matemática para dummies

Alguns problemas em matemática sempre me deixaram um pouco perplexo. Um que sempre me intrigou foi o problema da porta dos desesperados - lembram, daquela historinha do Sérgio Mallandro?

A idéia é a seguinte: você tem que escolher entre três portas. Uma delas tem um prêmio, outras duas têm um monstro. Quando você escolhe a primeira porta, o Sérgio Mallandro abre aleatoriamente uma das duas portas que contém um monstro. A pergunta é: é probabilisticamente vantajoso trocar de porta, depois que ele mostra uma das portas que não tem o prêmio?

A resposta inicial da maioria das pessoas é "não". Afinal, são duas portas; a probabilidade de ter o prêmio em uma ou em outra seria de 50% - então, tanto faz continuar com a sua porta inicial ou trocar pela outra. Mas eu li diversas vezes na internet pessoas falando sobre o problema e afirmando que sim, é vantajoso trocar de porta. Mas confesso que nunca tinha estado plenamente convencido.

Ontem, me lembrei disso e pensei que podia construir uma simulação no computador para a mesma situação. Afinal, o computador pode gerar números pseudo-aleatórios com confiabilidade suficiente para testar a proposição. Infelizmente, mesmo antes de rodar o programinha, descobri a resposta (na verdade, descobri enquanto criava a lógica do programa).

A pessoa escolhe uma das 3 portas. Temos as seguintes possibilidades:

1 - Se a pessoa escolheu a porta certa no início (1/3 de chance), então o sapeca Sérgio Mallandro irá abrir uma porta com o monstro qualquer. Nesse caso, seria desvantajoso trocar, pois estaríamos trocando a porta certa por uma porta errada.

2 - Se a pessoa escolheu a porta errada (2/3 de chance), então Mallandro irá abrir a outra porta que tem o monstro. Nesse caso, seria vantajoso trocar, pois a porta que o apresentador não abriu será necessariamente a porta premiada.

Então, em 2/3 das chances, será vantajoso trocar.
O programa rodou e deu exatamente esse resultado: em 100000 execuções, foi melhor trocar a porta em 66683 vezes e foi melhor não trocar a porta 33317 vezes.

terça-feira, 18 de março de 2008

Coisas para fazer no Ubuntu


Consegui, depois de algum trabalho, rodar o Sins of a Solar Empire no Ubuntu. O que estranho é que ele está rodando melhor no Linux do que no Windows (onde devia ser executado, originalmente).

segunda-feira, 17 de março de 2008

O senhor Certo

O senhor Certo está sempre certo e nunca comete nenhum erro. Se o senhor Certo comete algum erro, é porque alguma variável que não era controlada pelo senhor Certo interferiu em sua decisão e, com a informação que ele tinha, o certo era fazer o que ele fez.

O senhor Certo gosta de futebol, e não consegue fazer uma refeição sem arroz e feijão. O senhor Certo acha que essa é a comida certa, mas respeita outras opiniões (porque isso também é certo, pelo menos nesse caso). O senhor Certo imagina que no mundo todo, Japão, África e Indonésia, todos fingem que comem coisas diferentes mas, quando ninguém está olhando, voltam ao arroz e feijão (que é a verdadeira comida, todo o resto parece lanche para o senhor Certo).

O senhor Certo é católico não praticante. Ele não gosta de evangélicos, mas evita qualquer opinião conflitante quando está próximo a um deles. O senhor Certo não sabe do que se trata a religião budista, islâmica, judia ou hinduísta. Para ele, é tudo mais ou menos a mesma coisa, não-certo.

O senhor Certo condena o imperialismo norte-americano e a figura caricata de George Bush mas, nas conversas de bar, luta contra o aborto, a favor da pena de morte e pelo direito do Brasil invadir a Bolívia por conta dos problemas com a Petrobrás. O senhor Certo não acredita que haja nenhuma contradição entre esses termos.

Sempre que a conversa desvia para algum assunto que o senhor Certo não domina, ele silencia. O senhor Certo só fala sobre as coisas de que está 100% certo. Se o senhor Certo não conhece o assunto, este simplesmente não interessa; caso interessasse, o senhor Certo já estaria certo sobre isso também. O senhor Certo nunca discute; ele expõe sua certa opinião e, ao ouvir argumentos contrários, ele afirma: "cada um, cada um" como se, por um momento, acreditasse que há a possibilidade de ele estar errado. Mas sabemos que isso não é possível.

O senhor Certo abomina a dúvida e as nuances, não entende jogos de idéias. O senhor Certo acredita que a teoria é para quem não entende da prática. O senhor Certo lê frequentemente livros técnicos de sua área, mas nunca conseguiu chegar à décima página de 'O Pequeno Príncipe'.

Caso, por algum motivo desconhecido, o senhor Certo chegasse a ler todas essas linhas (que seriam normalmente descartadas por falta de utilidade) ele teria dificuldade de encontrar aqui qualquer crítica.

"I am never wrong. Once, I thought I was wrong, but I was wrong."

sexta-feira, 14 de março de 2008

3/14

Hoje é Pi Day.

terça-feira, 11 de março de 2008

Top 6 filmes de vingança

(que acabam sendo os 6 filmes de vingança de que consigo me lembrar)

6 - V de Vingança
V é o único sobrevivente de um experimento etc etc etc. O que aconteceu a ele não importa muito; no filme, ele tem habilidades sobre-humanas que utiliza para tentar heroicamente derrubar o governo corrupto que se instaurou em um futuro não muito distante. Acredito que a vingança em si é só um detalhe entre as motivações do personagem (pelo menos do filme) e por isso, apesar da grande qualidade, não colocaria o filme entre os três primeiros.

5 - Sleepers
Um grupo de garotos faz uma bobagem e alguém acaba morrendo. Eles vão pra um reformatório, onde sofrem abusos de toda espécie. Quinze anos depois, encontram os carcereiros que os abusaram. Aqui, o melhor detalhe é o longo tempo de duração da história... imaginem cozinhar ódio por quinze longos anos e depois descarregar tudo em apenas alguns dias.

4 - Era uma vez no oeste
Era uma vez no oeste é, acredito eu, o melhor faroeste já filmado. A história é uma visão melancólica do fim dos valores dos filmes western e a substituição desses valores por outros, mais complexos e não menos terríveis. E há um pano de fundo, a vingança de um homem quieto, taciturno, sobre um matador conhecido... é como se todas as mortes gratuitas nos filmes de faroeste estivessem sendo vingadas com um único tiro.

3 - Oldboy
Alguns filmes orientais estão deixando os norte-americanos no chinelo, em termos de violência. Oldboy não foge a esta regra, mas a violência física é um detalhe para demonstrar outras, de magnitude muito superior. Oldboy tem a mais complexa de todas as vinganças, mas só se sabe disso a poucas cenas do final. Terrível.

2 - O Conde de Monte Cristo
Clássico. O Conde de Monte Cristo é o livro preferido dos garotos em Sleepers, por sinal. Edmond Dantes, preso injustamente, consegue uma fortuna por acaso e retorna para humilhar, vencer e eliminar quem o traiu. Enfim, é quase um arquétipo da idéia de vingança.

1 - Kill Bill
Um clássico moderno; A noiva, atacada e deixada em coma no dia de seu casamento, retorna para cobrar o doce preço da vingança a seus algozes. É praticamente um compacto de todos os western e de todos os filmes orientais baratos em uma só história: uma abundância de closes nos olhos, tiros, facadas, espadadas. O primeiro filme é perfeito.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Ichi, o assassino



De vez em quando, a gente encontra um filme que não simplesmente surpreende, mas também ignora totalmente as expectativas iniciais. Aconteceu comigo com o Onde os fracos não têm vez e também com Ichi, o assassino.

A história de Ichi não chama muito a atenção: um chefão da máfia japonesa desparece com uma certa quantia em dinheiro e não se sabe de seu paradeiro. O chefe é procurado sem sucesso pelos capangas, mas os métodos extremamente violentos utilizados na busca chamam a atenção de pessoas inicialmente alheias ao ocorrido.

O que fica claro, desde o início, é a absoluta e descarada violência em praticamente todas as cenas. Logo nos primeiros minutos, fiquei tentado a desligar o DVD depois que Kakihara (um fiel capanga do chefe desaparecido, o simpático sujeito no poster do filme) tortura seu primeiro suspeito com ganchos, espetos e óleo quente. Ichi é um personagem um pouco alheio à história e, longe de ser um herói, também se mostra um sádico violentíssimo.

Na verdade, todos os personagens são violentos de alguma forma, e estão obsessivamente ligados a essa violência. Kakihara, apesar de ser um grande torturador, revela-se o arquétipo de um masoquista; Ichi é um sádico maluco que se arrepende por algum tempo das barbaridades que comete (contra supostos homens maus, mas isso não faz diferença nem para ele nem para quem assiste), mas que também tem muito prazer em tudo o que faz (e, vejam só, ele fica catatônico na frente da TV, jogando Tekken). Há uma ampla gama de personagens e situações: prostitutas, drogados, estupros e mortes de todas as formas.

Algumas cenas são toscas, chegando a ser cômicas como em Kill Bill. Outras são realistas, realistas a ponto de fazer virar o rosto. Ichi, quando entra em um aposento para enfrentar seus antagonistas, só sai de lá depois de deixar uma pilha de membros e sangue do chão até o teto. Kakihara se surpreende com isso e se sente atraído por ele: o grande masoquista procurando o grande sádico, e a morte como uma forma de neutralizar a paixão pela violência.

O mundo de Ichi é o mesmo mundo que Ed Tom Bell (o personagem de Tomy Lee Jones) vê em Onde os fracos não têm vez: um lugar corrompido, destruído pela violência e que não pode ser entendido por uma mente mais velha. A violência, para Tom, antigamente poderia ser entendida em suas causas: a ganância, a luta pelo poder, o ódio e o amor. Agora, a violência não se explica, como se fizesse parte do dia-a-dia, como se o homem tivesse nascido para matar (e aqui fica insinuada uma relação com Assassinos por natureza, ainda mais com a presença de Woody Harrelson).

Na história de Ichi, o chefe é um MacGuffin*; na história de Tom Bell, o dinheiro é um MacGuffin. Anton Chigurh poderia ser tranquilamente um personagem do filme japonês. E, nos dois mundos, qualquer um que não faça parte do jogo da violência vira um simples expectador, já que contra a violência sem limites e sem explicação não cabe nenhum herói.


* - Para quem está com preguiça de procurar, MacGuffin é um objeto qualquer que motiva os personagens e faz a história andar, mas cujos detalhes não são conhecidos ou simplesmente não importam ao expectador. Por exemplo, a mala em Pulp Fiction ou a chave em Piratas do Caribe: O baú da morte.

sábado, 1 de março de 2008

Como ganhar na Megasena...

...ou, como enganar as pessoas levando-as a achar que é fácil ganhar na Megasena (desculpem pelo cata-corno google).

Percebi por algumas estatísticas no blog que a maioria das pessoas entra aqui procurando informações que ajudariam a alguém ganhar na sena, loto, ou qualquer coisa que o valha. Então, resolvi enumerar alguns conselhos:

1 - Jogar ou não é uma questão mais de fé do que tática. Muitas pessoas usam o argumento de que "alguém sempre ganha". Isso é quase sempre verdade mas, mesmo se você não jogar, pode acabar ganhando (encontrando um bilhete premiado na rua, por exemplo). Segundo o site g1, é 50 vezes mais fácil ser atingido por um raio do que ganhar na MegaSena... a diferença é que ninguém te pergunta "o que você faria se fosse atingido por um raio", mas todo mundo tem planos para o dinheiro da Megasena.

2 - Jogue uma moeda não viciada 25 vezes. Se em todas as vezes 25 vezes sair cara... amigo, você gastou a chance da sua vida jogando uma moeda para cima. A chance de ganhar na Megasena é de uma em 50 milhões... a chance de jogar uma moeda e dar cara em todas as 25 tentativas é de 1 em 33 milhões (1/2^25).

3 - A chance para qualquer sequência escolhida aleatoriamente é exatamente a mesma. Parece estranho, mas qualquer sequência escolhida de forma proporcional entre os números tem a mesma chance de sair do que 1, 2, 3, 4, 5, 6. Mesmo assim, 1,2,3,4,5,6 deve ser uma sequência muito apostada, o que faria o prêmio diminuir muito.

4 - As probabilidades podem ser complicadas ao extremo, mas sempre podem ser entendidas no formato (número de situações favoráveis)/(número de possibilidades). Então, se a chance de uma sequência sair é de 1/50.063.860, e você apostar em duas sequências, as chances serão de 2/50.063.860 = 1/25.031.930. O aumento da probabilidade de um jogo vencedor é uma curva exponencial com o seguinte formato:



Aqui, a chance de 100% seria representada por 1 (no caso de se fazer 50 milhões de jogos). Fica claro que o maior aumento de probabilidade de um jogo ganhador se dá com menos jogos. Caso a quantidade de jogos vá aumentando, o aumento da probabilidade diminui. Por exemplo, para ter uma chance em 3 milhões, são necessários 17 jogos; para ter uma chance em um milhão, são necessários 51 jogos. Faz muito mais diferença, estatisticamente falando, fazer 1 ou 2 jogos do que fazer 10 ou 11.

5 - O fato de um número ter saído mais ou menos vezes em jogos anteriores não influencia em absolutamente nada o resultado do próximo jogo. Isso invalida qualquer um desses livros que ensinam como ganhar, o que fazer, o que não fazer: se isso funcionasse, o autor do livro já haveria ganhado alguma coisa.