segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Incantation

Human reason is beautiful and invincible.
No bars, no barbed wire, no pulping of books,
No sentence of banishment can prevail against it.
It establishes the universal ideas in language,
And guides our hand so we write Truth and Justice
With capital letters, lie and oppression with small.
It puts what should be above things as they are,
Is an enemy of despair and a friend of hope.
It does not know Jew from Greek or slave from master,
Giving us the estate of the world to manage.
It saves austere and transparent phrases
From the filthy discord of tortured words.
It says that everything is new under the sun,
Opens the congealed fist of the past.
Beautiful and very young are Philo-Sophia
And poetry, her ally in the service of the good.
As late as yesterday Nature celebrated their birth,
The news was brought to the mountains by a unicorn and an echo.
Their friendship will be glorious, their time has no limit.
Their enemies have delivered themselves to destruction.


Minha tradução, porquíssima como sempre:

A razão humana é bela e invencível.
Nem barras, nem arame farpado, nem destruição de livros,
Nem sentença de banimento pode prevalecer sobre ela.
Ela estabelece as ideias universais da linguagem,
E guia nossa mão para que possamos escrever Verdade e Justiça
Com letras maiúsculas, mentira e opressão com minúsculas.
Ela coloca as coisas acima das outras como são,
É inimiga do desespero e amiga da esperança.
Ela não diferencia Judeu de Grego ou escravo de mestre,
Dando a nós o estado do mundo para controlarmos.
Ela preserva frases transparentes e austeras
Da corrompida desarmonia das palavras torturadas.
Ela diz que tudo é novo debaixo do sol,
Abre o punho sólido do passado.
Belas e muito jovens são a Filo-Sofia
E a poesia; sua aliada a serviço do bem.
Foi como ontem que a Natureza celebrou seu nascimento,
As novidades que foram trazidas às montanhas por um unicórnio e um eco.
Sua amizade será gloriosa, seu tempo não tem limite.
Seus inimigos se entregaram à destruição.


Czeslaw Milosz, no prólogo do The Secular Conscience.

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