quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Involução - Parte 1

Do site Renasce Brasil, mantido por um senhor chamado Valvim M. Dutra:

"Que comentário poderíamos fazer a respeito da perfeita localização do umbigo e do ânus?... Já pensou se por evolucionismo ou por obra do acaso, fosse ao contrário, o ânus no lugar do umbigo?... E o “bumbum”, seria um enorme calo evoluído de si mesmo, ou uma almofada natural devidamente planejada para sentarmos confortavelmente?..."

Em primeiro lugar, o sr. Valvim deve reconhecer que, se ele e todo o resto do mundo tivessem nascido com o ânus no lugar do umbigo, ele citaria o mesmo exemplo como localização perfeita: afinal, se não fosse assim, ele não poderia se debruçar sobre a privada para ler as notícias todas as manhãs.

O que descaradamente falta ao sr. Valvim, assim como a muitas outras pessoas, é a compreensão do conceito de Seleção Natural. A evolução não funciona somente com o acaso; é o acaso selecionado. Além disso, a evolução só atua diretamente nas características que afetam a capacidade de sobreviver e se reproduzir. Por exemplo (as coisas não são bem assim, mas vou extrapolar para explicar), imaginem que alguém sofra uma mutação e nasça com quatro braços, todos completamente funcionais. Pois bem, talvez um par a mais de braços seja bem útil, mas não acredito que esse alguém faria sucesso entre as mulheres (o que, no final, acabaria ocasionando a falta de filhos do infeliz rapaz e eliminando a útil característica por seleção natural).

Quanto à idéia da evolução criando um grande calo no lugar das nádegas... pois bem, não entendo o raciocínio. Há alguma vantagem evolutiva de ter um grande calo no lugar das nádegas? Não consigo imaginar nenhuma. Talvez ele esteja confundindo Lamarckismo com Darwinismo (afinal, os pais vão se sentando sobre as nádegas, os filhos, os filhos dos filhos... para ele, o calejamento passa de pai para filho... seria isso?).

O sr. Valvim continua:

"Entretanto, a característica mais significativa e esclarecedora, da Criação ou Evolução, está na incontestável beleza e harmonia artística do conjunto humano. Observe a beleza e a harmonia do rosto com os cabelos, dos olhos com as sobrancelhas, das mãos com as unhas, das formas arredondadas de braços e pernas e suas perfeitas proporções."

Eu poderia fazer melhor, mas não resisto à tentação de citar uma historinha do Astronauta da Turma da Mônica. Em uma viagem interplanetária, ele conhece seres que se consideram tão feios que não conseguem sair do lugar escuro onde vivem. Depois de muita conversa, eles saem para a luz e observam que não são tão feios assim (mesmo com três olhos, verdes, com um número ímpar de braços, etc) - na verdade, passam a se achar bonitos. Mas quando olham para o Astronauta... argh, que criatura feia, terrível!

O sr. Valvim é simples, tão simples que não chega a cometer os erros que a maioria dos criacionistas cometem; ele se apóia em idéias ainda mais básicas e não percebe que se utiliza de um sem-número de dogmas para falar do que não entende. Mas, pensando bem, até que se debruçar sobre a privada não seria uma idéia tão ruim assim.

PS: A página também fornece uma ótima definição de "Espírito Santo" para os tempos de miguxês: "Fenômeno celeste de difícil definição, mas o seu efeito pode ser comparado a uma vacina espiritual que contém um programa “antivírus” e de comunicação “on-line”. Esta "vacina" protege os seres humanos contra vírus espirituais (“espíritos imundos”, parasitas que se hospedam na mente), e permite comunicação via, linguagem da fé, com o Criador."

2 comentários:

Anna Staschuk disse...

Por Zeus! Você é ótimo!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.