sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Por que me sinto um idiota

Não merecemos. Somos corruptos. Não só os políticos, somos mesmo corruptos, todos. Louvamos os malandros. Sonegamos impostos, subornamos guardas, damos um jeitinho. Nossa maior marca registrada é a improvisação. A gambiarra. A falta de planejamento. Votamos mal. Elegemos ladrões, elegemos inaptos. Aceitamos o absurdo sem protestar. Lemos pouco. Sabemos pouco. Ouvimos música vagabunda e sexista. Consumimos porcaria estrangeira sem pestanejar. Jogamos lixo na rua. Somos sujos.

Seremos roubados. O dinheiro será desviado e obras ficarão paradas depois da festa. Vai haver confusão, choro e ranger de dentes. Vai haver BOPE subindo o morro alguns meses antes das competições: 'Põe na conta do Phelps' (que, eu sei, nem vai estar mais nadando). Vai haver twittadas adolescentes, colunas do Diego Mainardi e manchetes de primeira página na Folha de São Paulo.

Somos uma vergonha. Uma vergonha.

Apesar disso tudo, estou extremamente feliz. Não porque somos nem a melhor nem a pior nação do planeta, mas sim por sermos reconhecidos como somos. Estou feliz por podermos olhar para o espelho e dizer 'Olha que legal, estão felizes por nós.'. Confiam em nós. Sabem que vamos conseguir fazer as coisas funcionarem, mesmo que não saibam o quanto será confuso e pouco otimizado. Confiam em nós mais do que nós mesmos. Vão vir, serão bem recebidos, e eu vou chorar na cerimônia de abertura.

Passamos bem pela crise. Teremos o pré-sal. Vai fazer muita, muita diferença. Temos um bom povo. Temos um país bonito. Temos um presidente que, apesar de não ser propriamente 'o cara', foi chamado de 'o cara' pelo líder da maior nação do planeta. Somos imperfeitos, mas com perspectivas. Temos perspectivas palpáveis. Quando realmente queremos, as coisas saem. Sabemos disso.

Vai funcionar. Tenho certeza. Vai haver problemas, não nego, mas vai dar certo. Nenhum político em sã consciência permitiria que a festa fosse estragada. Não fica bem pras próximas eleições, seria muito pior do que escândalo de corrupção.

Todos vão estar olhando pra gente. Vamos nos sentir um pouco mais parte do mundo. Vamos ter uma chance de aprender que antes de sermos brasileiros, somos humanos.

E, por me sentir assim, me sinto um idiota inocente. Mas não vou fingir uma revolta que não tenho. Hoje, dia dois de outubro de dois mil e nove, sou feliz por ser brasileiro.

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Editei e coloquei umas linhas mais piegas ainda. Devo estar tomado por algum pleiedeano.

4 comentários:

Deh disse...

Nossa, pieguésimo, sinto muito. hehehehehehe
(insensível e cética ao extremo, eu sei)

Henrique Rossi disse...

André, você já está falando em chorar na cerimônia de abertura com 7 anos de antecedência? Meu, eu não queria ter ouvido essa! Pois tive a certeza de que vou chorar pra caralho!

Anônimo disse...

é, tá um tanto sentimental de mais.

Mas é isso mesmo. EU torci contra, admito. E não liguei para as caretas de censura que as pessoas faziam quando eu falava isso.

Mas agora, não tem mais volta, e acho que é razoável e inteligente que o brasil una forças para que dê certo, para que a festa seja linda e para que a nação colha bons frutos. Para que altetinhas de hoje possam crescer e nos fazer delirar em 2016...

E não dá pra negar que eventos como esse, são passagens obrgatórias para países que querem ser grandes. O brasil tá no caminho certo. Temos que admitir que a politica internacional desse governo - mesmo com alguns deslizes ideológicos - é mais do que exepcional.

D disse...

Gostei muito da primeira parte, uma pena que a segunda tenha anulado a primeira.